São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 1998
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Chineses descobrem lado afável de Jiang

Presidente graceja em entrevista coletiva

J. VALENZUELA
DO "EL PAÍS"

O presidente da República Popular da China e secretário-geral do Partido Comunista, Jiang Zemin, não é um funcionário que se limita a ler monotonamente discursos que não contam nada de novo.
Jiang improvisa, graceja, aceita críticas com tolerância e não perde a cortesia.
Essa foi a surpresa que dezenas de milhares de chineses tiveram no sábado, ao ver a transmissão direta pela televisão da entrevista coletiva dada por Clinton e Jiang, no Grande Palácio do Povo, transformada em um debate entre os dois líderes sobre dissidência, direitos humanos, Taiwan e Tibete.
"Não sabíamos muito bem quem era Jiang, não o imaginávamos tão aberto. Sempre o havíamos visto muito sério em atos oficiais", afirmou um jornalista.
Jiang desejava uma ampla visita de Clinton para reforçar diante dos chineses sua imagem de líder de prestígio, reformista e aberto ao mundo, situando-se à altura de Mao Tse-tung, Chou En-lai e Deng Xiaoping.
Clinton, ao visitar a Cidade Proibida, voltou a elogiar o processo de transformação na China. "Nos últimos 25 anos, esse país mudou muito", disse. "O suficiente?", perguntou um jornalista. "Desde sábado, sinto-me bem melhor", respondeu.
A confiança de Clinton em seu anfitrião o levou, no sábado, a fazer um aposta pessoal.
Depois de discutir com Jiang sobre o Tibete, Clinton disse: "Vou dizer algo que poderá ser impopular para uns e outros. Passei um tempo com o Dalai Lama (líder tibetano). Creio que seja um homem honesto. Creio também que, se ele tivesse uma conversa com o presidente Jiang, os dois se dariam muito bem." Jiang riu.

Tradução de Mariana Sgarioni

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