São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998
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Teste nuclear continua vetado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai ratificar os tratados de proibição de testes nucleares (CTBT) e de não-proliferação de armas nucleares (TNP) na próxima segunda-feira, em solenidade no Planalto, às 11h.
A solenidade tem um convidado especial: o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
A agenda de Annan distribuída pelo Itamaraty previa a audiência com o presidente, mas não a participação na solenidade. Ao usar a presença do chefe da ONU, FHC pretende dar repercussão internacional à política brasileira de renúncia ao uso de armas atômicas.
Durante o ato de ratificação, FHC deve fazer um pronunciamento com uma cobrança. O presidente deve dizer que, apesar de o Brasil ter aderido aos dois tratados, o país não considera a questão das armas nucleares encerrada e, por isso, a ONU deve se esforçar para dar um passo adiante.
O passo seguinte seria negociar uma data, ainda que a longo prazo, para que as armas nucleares sejam completamente erradicadas. "A lógica da criação dos arsenais, a Guerra Fria, não existe mais. Por isso, é preciso fazer um esforço para que haja um compromisso temporal", disse o ministro Antônio Guerreiro, chefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis do Itamaraty.
O TNP (Tratado de Não-proliferação Armas Nucleares) é uma espécie de compromisso dos países (185 já assinaram) de não desenvolverem pesquisas nucleares com fins bélicos. O CTBT (Tratado para a Proibição Completa dos Testes Nucleares) impede que os países que já têm armas nucleares aprimorem esse arsenal.
As potências nucleares se mostram refratárias a um compromisso mais efetivo de não apenas contribuir para a não-proliferação, mas também reduzir efetivamente seus arsenais até a eliminação total. Elas afirmam que vêm, progressivamente, reduzindo seus estoques de armas nucleares.
Segundo o ministro, a política do governo brasileiro é "achar insuficiente essa boa vontade".
Antes do TNP e do CTBT, o governo brasileiro já assinara pelo menos outros três importantes acordos na área nuclear: com a Argentina, para uso pacífico da energia, com a Agência Internacional de Energia Atômica, e o Tlatelolco, que criou uma Zona Livre de Armas Nucleares na América Latina e Caribe.

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