São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Petista teme mais Oscar do que o PTB

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do resultado favorável, 39% das intenções de voto na pesquisa Datafolha, a campanha de Eduardo Matarazzo Suplicy, 57, preocupa-se mais com o potencial de crescimento do candidato malufista Oscar Schmidt (6%) do que com o do petebista João Leite Neto (20%).
Para os petistas, o jornalista João Leite Neto, apesar de estar na frente de Oscar, não teria fôlego eleitoral para ameaçar Suplicy.
Embalado pela fama de herói nacional pelas conquistas no basquete, Oscar é uma incógnita eleitoral e só poderia ser criticado pela falta de experiência política.
O problema é que essa crítica poderia ser devolvida para a mulher de Suplicy, Marta, candidata do PT ao governo, que nunca exerceu cargos no Executivo.

Polêmica
Suplicy, petista com nome de barão da indústria e que pretende representar São Paulo por mais oito anos, foi eleito senador em 1990 com 4,3 milhões de votos.
Em 1992, os malufistas deram um atestado de bons antecedentes a Suplicy em um dos jingles da campanha à prefeitura, vencida por Maluf: "Não temos nada contra o Suplicy, só não queremos mais o PT mandando aqui".
Suplicy passou os últimos sete anos no centro das questões mais polêmicas do país.
Foi dele e do então deputado José Dirceu (PT), o pedido de instalação da CPI que acabou no processo de impeachment de Collor. Suplicy ainda participou da convocação da CPI do Orçamento da União e foi um dos inquisidores da CPI dos Precatórios.
A obsessão de Suplicy pelo trabalho é conhecida pelos políticos. Às sextas, ele costuma discursar para um plenário vazio no Senado.
O senador também costuma telefonar para as redações de jornais para discorrer longamente sobre as últimas novidades em relação ao seu projeto de renda mínima, que garante uma suplementação financeira para famílias pobres.
O ex-ministro Antonio Kandir sentiu na pele a obsessão de Suplicy pelo projeto. No último réveillon, os dois se encontraram em um barco que partia de Fernando de Noronha para ver golfinhos. Suplicy passou a viagem tentando convencer o tucano a mudar a equação que calculava a remuneração às famílias favorecidas.
Sua carreira tem outras histórias. Em 86, candidato ao governo, o então deputado federal caiu de 28% para 8% nas pesquisas. Abandonou a campanha e, em um bilhete, disse que precisava "encontrar e aprumar" seu "eixo".
Um ano antes, em 85, candidato à prefeitura paulistana, Suplicy surpreendeu ao tirar um coelho e uma tartaruga de uma pasta durante debate na TV. Tentou mostrar que, como na fábula, o mais persistente poderia vencer.
Naquela eleição, Suplicy não aceitou a pressão para que renunciasse em apoio ao hoje presidente FHC. Para muitos, ele foi culpado pela divisão da esquerda que permitiu a vitória de Jânio Quadros.

Outros candidatos ao Senado
- Aguiar Filho (PRTB): 1%
- Mauro Puerro (PSTU): 1%

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