São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Sistema de avaliação da pós-graduação vai mudar

MARTA AVANCINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal sistema de avaliação da pós-graduação brasileira vai mudar a partir deste ano com o objetivo de melhorar a performance e a inserção da pesquisa nacional no meio científico mundial.
O sistema atual foi criado e é mantido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação ligada ao Ministério da Educação.
Ele se baseia na atribuição de conceitos aos cursos que variam de A a E, com base na verificação de uma série de aspectos -titulação dos professores, fluxo de alunos, publicações, entre outros.
A avaliação também é usada como critério de distribuição de bolsas de estudo pela Capes que é, ao lado do CNPq, a principal agência de financiamento de pesquisadores de nível nacional.
Em 98, a fundação vai aplicar cerca de R$ 454 milhões em bolsas.
Pelo novo sistema, os programas de pós-graduação (e não mais os cursos) vão receber notas de 1 a 7, sendo que as notas 6 e 7 serão reservadas aos programas considerados de nível internacional.
"O sistema antigo funcionou durante uma fase, mas com o passar do tempo apareceram vícios que podem ser percebidos pelo acúmulo de conceitos A e B", diz Jorge Guimarães, professor-titular do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e representante da área de biológicas nas discussões sobre os novos critérios.
Hoje, cerca de 90% dos cursos de pós-graduação do Brasil se situam na faixa dos conceitos A e B, de acordo com a Capes.
Os resultados finais da nova avaliação devem estar concluídos apenas no final de julho, mas já se sabe que haverá variações, em alguns casos para baixo, das notas. A tendência é que a maioria dos cursos fique na faixa das notas médias, entre 3 e 5.
"É consequência do aumento do rigor da avaliação, mas isso não significa que os cursos perderam qualidade", diz Abílio Baeta Neves, presidente da Capes.
"A avaliação antiga já cumpriu o seu papel e estabeleceu padrões de qualidade, tanto que um grande número de cursos são bem avaliados. Mas estamos entrando em uma nova fase e aumentando o grau de exigência", completa Baeta Neves.
Aumentar a exigência significa fazer uma avaliação mais detalhada dos programas e incorporar critérios internacionais -publicações em revistas de renome mundial, citações de pesquisas brasileiras no exterior, convênios internacionais, entre outros.
"A idéia é abrir a escala para cima para abarcar os cursos que se diferenciam e têm um nível comparável aos padrões internacionais. Eles devem se tornar as novas referências de qualidade", diz Adalberto Vasques, diretor de Avaliação da Capes.
Embora concorde com a necessidade de uma avaliação, a Associação Nacional de Pós-Graduandos critica a maneira como o novo processo está sendo implantado.
"Os critérios não foram divulgados. Isso poderia ajudar os programas a se adequar e melhorar, o programa ou a avaliação", afirma Divinomar Severino, coordenador da associação dos pós-graduandos.

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