São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Zidane desequilibra e é aclamado

DOS ENVIADOS A SAINT-DENIS

Jogador da Juventus, da Itália, venceu ontem mais uma vez o duelo com o atacante brasileiro Ronaldinho

"Zizou, Zizou." Não foi por acaso que o nome mais gritado pela torcida francesa durante e depois da vitória de ontem sobre o Brasil foi o de seu ídolo maior, Zinedine Zidane.
"Zidane trouxe luz ao campo, e essa luz iluminou o jogo", definiu o técnico francês Aimé Jacquet.
O "camisa 10" da França dissera na véspera que só faltava um gol na final para coroar sua atuação na Copa. Fez logo dois, ambos no primeiro tempo, abrindo caminho para os 3 a 0 que liquidaram o Brasil e levaram ao delírio o público que lotava o Stade de France.
"É fabuloso fazer dois gols numa final, mas mais fabuloso ainda é ser campeão do mundo", disse o jogador, depois da partida.
Zidane queria "vencer Ronaldo para fazer algo importante na história do futebol". E venceu justamente no quesito em que o rival é especialista: fazer gols.
Mais uma vez Zidane levou a melhor sobre o brasileiro. No Campeonato Italiano, a Juventus, de Zidane, conquistou o título nacional. A Inter de Milão, de Ronaldinho, ficou em segundo.
Mas o craque mostrou-se modesto, afirmando que "foi um jogo duro" e dando crédito à defesa francesa pela vitória.
"Sofremos muito no segundo tempo. Se o Brasil tivesse marcado logo um gol, sofreríamos até o fim. Mas o forte de nossa equipe desde o início da Copa foi justamente não tomar gols."
Zidane disse não estar habituado a fazer gols de cabeça. "Mas não fechei os olhos. No primeiro gol, tive a intuição de me colocar no primeiro pau. Quando veio o escanteio, percebi que a bola era minha, e cabeceei com firmeza."
"No segundo gol, coloquei-me no segundo pau, em que havia menos jogadores brasileiros."
O maestro da equipe francesa mostrou-se disposto a realizar uma grande jornada desde o início da partida. Aos 3min, ele deu uma bola "açucarada" para Guivarc'h finalizar, depois de ter feito uma grande jogada, driblando dois brasileiros. Guivarc'h, como sempre, perdeu.
Aos 5min, Zidane deu um passe de calcanhar a Lizarazu, junto à lateral esquerda do campo. Aos 17min, deixou sentado Rivaldo -o "10" do Brasil-, com um drible seco. Foi a primeira vez que a torcida gritou "Zizou, Zizou".
O grito se repetiria depois dos gols do craque, que, à parte os gols, brilhava ocasionalmente com seu toque de bola refinado e seus passes inesperados.
No segundo tempo, com os 2 a 0 no placar e a pressão brasileira, Zidane ajudou disciplinadamente na marcação. Logo aos 3min, num escanteio a favor do Brasil, tirou de cabeça da área francesa.
Depois disso, sua atuação foi discreta. Aos 20min, saiu Guivarc'h e entrou Dugarry, o melhor amigo de Zidane na seleção, e o craque esforçou-se por servir uma bola boa ao companheiro.
Isso acabou acontecendo aos 37min. Dugarry recebeu um ótimo passe de Zidane e, cara a cara com Taffarel, chutou fraco, facilitando a defesa do goleiro.
Mas não importou. Depois do terceiro gol e do apito final, Zidane abraçou demoradamente o companheiro, que chorava aos soluços. A relação privilegiada entre os dois já havia ficado clara após o segundo gol, quando Zidane foi ao banco abraçar Dugarry -que, para muita gente, só está na seleção por influência do amigo.
"Eu sempre disse que precisávamos fazer algo de histórico nesta Copa, porque ela era na França, e era muito importante para o futebol francês e para todos os franceses", disse depois do jogo o líder dos "azuis", enquanto a torcida ainda gritava seu nome no estádio.

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