Obras sacras do artista avaliadas em US$ 30 mi esperam restauro

Enquanto "Guerra e Paz" teve um processo de restauro rápido, um acervo de 28 obras de Portinari espera recuperação em Batatais (a 352 km de SP), vizinha à terra natal do artista, Brodowski.

A falta de recursos da prefeitura e a burocracia têm dificultado o processo de recuperação das obras.

Entre as pinturas produzidas por Portinari nos anos 50 para a matriz do Bom Senhor Jesus da Cana Verde (onde ele foi batizado) estão 14 quadros da "Via Sacra", cujo conjunto é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

O acervo de Portinari na igreja pode valer até US$ 30 milhões (R$ 53 milhões).

A polêmica envolvendo o restauro das obras foi parar na Justiça, que, em dezembro passado determinou a recuperação dos quadros.

A Prefeitura de Batatais afirma que não tem dinheiro para bancar o restauro, estimado em até R$ 400 mil.

Na tentativa de captar recursos, um projeto de restauro foi protocolado no Ministério da Cultura. Porém, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) impõe exigências para sua realização.

Uma delas refere-se ao ambiente expositivo. Ao longo dos anos, foram colocadas na igreja obras de artistas locais, o que, para o Iphan, descaracterizou o espaço e pode levar os visitantes a crer que as peças sejam de Portinari.

A presença dessas outras obras é vista por João Candido Portinari, filho do artista, como um "escândalo". O secretário do Turismo de Batatais, Antonio Carlos Correa, diz que a igreja já se comprometeu a remanejá-las.

Correa afirma que, apesar dos entraves, as obras estão protegidas, sob vigilância e recebendo manutenção para evitar cupins que chegaram a atacar parte do conjunto.

Ele diz ainda que há uma empresa interessada em patrocinar o restauro, dependendo apenas da liberação do projeto pelo Iphan.