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São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Esculturas da santa acompanham história econômica e social

Sant'Anas carregam modelos de Brasil

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Uma coleção de cerca de 200 esculturas em terracota, pedra-sabão e madeira de santa Ana recolhidas de várias partes do Brasil revelam, na Pinacoteca, faces da iconografia católica no país, nos períodos colonial e imperial.
A exposição "Sant'Ana - Coleção Angela Gutierrez" traz imagens da devoção à santa -que, no catolicismo, é mãe da Virgem Maria- do século 17 ao 19, cujos detalhes de representação acompanham a história econômica e social do Brasil.
As santas são classificadas como guias ou mestras. "As guias aparecem conduzindo uma criança, Maria, e as mestras ficam sentadas em cadeiras de espaldares altos, carregando um livro para mostrá-lo à filha que a acompanha, representando uma educadora, um símbolo da família e da hierarquia, da organização social do Brasil colonial", explica o curador, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, professor da PUC-Minas e ex-prefeito de Ouro Preto.
Na exposição, guias e mestras aparecem lado a lado. A distinção é feita de acordo com a região de manufatura das santas, algumas atribuídas a nomes como o do mineiro Mestre Piranga e o do goiano José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874).
"As imagens vêm de Minas, SP, Goiás, Rio, Bahia e Pernambuco, os principais centros dos períodos colonial e imperial", enumera o curador. Há, curiosamente, a predominância de Sant'Anas guias nos Estados do Nordeste, enquanto as mestras aparecem mais em representações do Sudeste do Brasil. "Talvez por [as guias] representarem o trânsito que ocorreu do Nordeste em direção ao Sudeste. E o consequente estabelecimento dos colonizadores nessa região gerou uma devoção maior às mestras, ao saber, à hierarquia", diz Araújo Santos.
As próprias imagens dão conta do que se passava no Brasil na época em que foram esculpidas. Através da santa Ana maestra, por exemplo, os espaldares das cadeiras revelam um pouco da história do mobiliário brasileiro. "Sant'Ana aparece em cadeiras de diversos estilos, acompanhando o estilo do período", diz o curador.
Há ainda as santas "paulistinhas", imagens pequenas, medindo de 5 a 25 centímetros, feitas em terracota, e as santas retabulares, bem maiores, feitas para altares.
A coleção pertence à colecionadora mineira Angela Gutierrez e foi iniciada por seu pai, há cerca de 30 anos.


SANT'ANA - COLEÇÃO ANGELA GUTIERREZ. Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, Bom Retiro, tel. 229-9844). Quando: de ter. a dom., das 10h às 17h30. Até 3/8. Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados). Patrocinador: Bradesco Seguros.


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