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ARTES PLÁSTICAS
Esculturas da santa acompanham história econômica e social
Sant'Anas carregam modelos de Brasil
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Uma coleção de cerca de 200 esculturas em terracota, pedra-sabão e madeira de santa Ana recolhidas de várias partes do Brasil
revelam, na Pinacoteca, faces da
iconografia católica no país, nos
períodos colonial e imperial.
A exposição "Sant'Ana - Coleção Angela Gutierrez" traz imagens da devoção à santa -que,
no catolicismo, é mãe da Virgem
Maria- do século 17 ao 19, cujos
detalhes de representação acompanham a história econômica e
social do Brasil.
As santas são classificadas como
guias ou mestras. "As guias aparecem conduzindo uma criança,
Maria, e as mestras ficam sentadas em cadeiras de espaldares altos, carregando um livro para
mostrá-lo à filha que a acompanha, representando uma educadora, um símbolo da família e da
hierarquia, da organização social
do Brasil colonial", explica o curador, Angelo Oswaldo de Araújo
Santos, professor da PUC-Minas
e ex-prefeito de Ouro Preto.
Na exposição, guias e mestras
aparecem lado a lado. A distinção
é feita de acordo com a região de
manufatura das santas, algumas
atribuídas a nomes como o do mineiro Mestre Piranga e o do goiano José Joaquim da Veiga Valle
(1806-1874).
"As imagens vêm de Minas, SP,
Goiás, Rio, Bahia e Pernambuco,
os principais centros dos períodos colonial e imperial", enumera
o curador. Há, curiosamente, a
predominância de Sant'Anas
guias nos Estados do Nordeste,
enquanto as mestras aparecem
mais em representações do Sudeste do Brasil. "Talvez por [as
guias] representarem o trânsito
que ocorreu do Nordeste em direção ao Sudeste. E o consequente
estabelecimento dos colonizadores nessa região gerou uma devoção maior às mestras, ao saber, à
hierarquia", diz Araújo Santos.
As próprias imagens dão conta
do que se passava no Brasil na
época em que foram esculpidas.
Através da santa Ana maestra,
por exemplo, os espaldares das
cadeiras revelam um pouco da
história do mobiliário brasileiro.
"Sant'Ana aparece em cadeiras de
diversos estilos, acompanhando o
estilo do período", diz o curador.
Há ainda as santas "paulistinhas", imagens pequenas, medindo de 5 a 25 centímetros, feitas em
terracota, e as santas retabulares,
bem maiores, feitas para altares.
A coleção pertence à colecionadora mineira Angela Gutierrez e
foi iniciada por seu pai, há cerca
de 30 anos.
SANT'ANA - COLEÇÃO ANGELA
GUTIERREZ. Onde: Pinacoteca do
Estado (pça. da Luz, 2, Bom Retiro, tel.
229-9844). Quando: de ter. a dom., das
10h às 17h30. Até 3/8. Quanto: R$ 4
(grátis aos sábados). Patrocinador:
Bradesco Seguros.
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