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ARTES PLÁSTICAS/CRÍTICA
Em duas exposições, diversidade técnica desfocaliza comparações
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Onde está o contemporâneo?
Duas mostras apontam sentidos para a arte de hoje por vias
contrárias. "Pintura Reencarnada", no Paço das Artes, retoma o
passado. "A Foto Dissolvida", no
Sesc Pompéia, avança o futuro.
Por um lado, a pintura é referencial para a reunião de 14 artistas, na Cidade Universitária. Aspectos diversos da técnica tradicional ecoam entre as obras.
O cromatismo é enfatizado desde a entrada do prédio, vedada
por lona vinílica que varia horizontalmente do celeste ao cinza
no "Degradê" (2004), de Lúcia
Koch. O pigmento torna-se elemento escultórico na "Tetéia nº
7" (91), de Lygia Pape, formando
duas pirâmides de pó iluminadas
por lâmpada azul. A mesma cor
está na caixa de 9 m2 (1987-2004),
de Arthur Lescher, recheada de
sal de cobre.
O aspecto internacional do tema pictórico é representado por
Bill Viola, único estrangeiro na
exposição. O vídeo "The Quintet
of the Silent" (2000) mostra em
TV de plasma um ralentado movimento de cinco homens justapostos contra um fundo escuro,
qual quadro caravaggista na parede.
A tradição francesa é homenageada por Albano Afonso, com a
foto "O Impostor, Após Latour"
(2004), e por Luís Hermano, com
a instalação "Almoço na Relva"
(2002). Porém a crítica ao academicismo aparece na "Superfície
Farfalhante 2" (67), de Aloísio
Carvão, no "Peso" (70), de Amélia
Toledo, e na "Homenagem a Boccioni" (78), de Hélio Oiticica.
Por outro lado, a fotografia
transformada pela interação com
outras mídias é tema do agrupamento de 11 artistas na Pompéia,
reunindo vídeo, computador e
instalações.
Rochelle Costi cria situação surpreendente com "Vigília" (2004):
a vagarosa rotina de caracóis africanos, vivendo num viveiro suspenso no local, é transmitida ao
vivo para o público, que também
é filmado ao caminhar em torno
da estante metálica que sustenta o
arranjo. Contudo formas tradicionais da fotografia sobrevivem,
apesar do tema central. Caio Reisewitz mostra fotos de paisagem,
como "Diadema" (2004). Fabio
Faria pinta o "Retrato nº 3" (2002)
em preto-e-branco.
A diversidade técnica da arte
contemporânea prevalece sobre a
comparação com alguma mídia
particular. O espectador poderá
ver coletivas variadas, em montagens corretas e bem distribuídas.
Pintura Reencarnada
Onde: Paço das Artes (av. da
Universidade, 1, Butantã, tel. 3814-4832)
Quando: ter., qui. e sex., 11h30/19h;
qua., 11h30/21h; sáb. e dom., 12h30/
17h30; até 11/7
Quanto: entrada franca
A Foto Dissolvida
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel.
3871-7700)
Quando: ter./sáb., 9h30/20h30; dom.,
9h30/19h30; até 1º/8
Quanto: entrada franca
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