São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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ARTES PLÁSTICAS/CRÍTICA

Em duas exposições, diversidade técnica desfocaliza comparações

FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

Onde está o contemporâneo? Duas mostras apontam sentidos para a arte de hoje por vias contrárias. "Pintura Reencarnada", no Paço das Artes, retoma o passado. "A Foto Dissolvida", no Sesc Pompéia, avança o futuro.
Por um lado, a pintura é referencial para a reunião de 14 artistas, na Cidade Universitária. Aspectos diversos da técnica tradicional ecoam entre as obras.
O cromatismo é enfatizado desde a entrada do prédio, vedada por lona vinílica que varia horizontalmente do celeste ao cinza no "Degradê" (2004), de Lúcia Koch. O pigmento torna-se elemento escultórico na "Tetéia nº 7" (91), de Lygia Pape, formando duas pirâmides de pó iluminadas por lâmpada azul. A mesma cor está na caixa de 9 m2 (1987-2004), de Arthur Lescher, recheada de sal de cobre.
O aspecto internacional do tema pictórico é representado por Bill Viola, único estrangeiro na exposição. O vídeo "The Quintet of the Silent" (2000) mostra em TV de plasma um ralentado movimento de cinco homens justapostos contra um fundo escuro, qual quadro caravaggista na parede.
A tradição francesa é homenageada por Albano Afonso, com a foto "O Impostor, Após Latour" (2004), e por Luís Hermano, com a instalação "Almoço na Relva" (2002). Porém a crítica ao academicismo aparece na "Superfície Farfalhante 2" (67), de Aloísio Carvão, no "Peso" (70), de Amélia Toledo, e na "Homenagem a Boccioni" (78), de Hélio Oiticica.
Por outro lado, a fotografia transformada pela interação com outras mídias é tema do agrupamento de 11 artistas na Pompéia, reunindo vídeo, computador e instalações.
Rochelle Costi cria situação surpreendente com "Vigília" (2004): a vagarosa rotina de caracóis africanos, vivendo num viveiro suspenso no local, é transmitida ao vivo para o público, que também é filmado ao caminhar em torno da estante metálica que sustenta o arranjo. Contudo formas tradicionais da fotografia sobrevivem, apesar do tema central. Caio Reisewitz mostra fotos de paisagem, como "Diadema" (2004). Fabio Faria pinta o "Retrato nº 3" (2002) em preto-e-branco.
A diversidade técnica da arte contemporânea prevalece sobre a comparação com alguma mídia particular. O espectador poderá ver coletivas variadas, em montagens corretas e bem distribuídas.


Pintura Reencarnada
   
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Butantã, tel. 3814-4832)
Quando: ter., qui. e sex., 11h30/19h; qua., 11h30/21h; sáb. e dom., 12h30/ 17h30; até 11/7
Quanto: entrada franca

A Foto Dissolvida
   
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700)
Quando: ter./sáb., 9h30/20h30; dom., 9h30/19h30; até 1º/8
Quanto: entrada franca



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