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CURSO
Compositor alemão dá aulas que tratam até da influência de Einstein na música contemporânea
Koellreuter repassa som do século 20
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
Restam poucos meses para o final do século 20 e, contudo, sua
produção musical erudita continua um enigma.
Banida das salas de concerto e
discriminada pelas gravadoras, a
produção erudita sofre mais um
duro golpe no Brasil com o recente cancelamento, por falta de
patrocínio, do Festival Música
Nova.
O festival é o mais antigo evento
de divulgação de música contemporânea da América Latina, realizado, desde 1962, pelo compositor Gilberto Mendes.
Um curso no bairro paulistano
de Pinheiros (zona sudoeste) busca mostrar um pouco desse repertório.
Ele se chama "História da Música Ocidental no Século 20" e é
coordenado por Hans Joachim
Koellreuter e Sérgio Villafranca.
Suas aulas -sempre às segundas-feiras- estão divididas em
dois módulos e vão até 19 de junho, na Teca Oficina de Música.
No primeiro módulo, "Primeira
Metade do Século 20", deve-se falar de autores como Debussy e
Stravinski, além de tendências como
o futurismo, o dodecafonismo e o
modernismo.
Também será abordado o movimento "Música Viva", que
Koellreuter criou no Brasil em
1939, e a influência da Teoria da
Relatividade, de Albert Einstein,
nas artes.
Já o módulo "Segunda Metade
do Século 20" passa em revista o
serialismo, a música eletroacústica, o minimalismo e a utilização
de elementos aleatórios na produção do compositor norte-americano John Cage.
As relações entre Ocidente e
Oriente também entram nessa
parte, bem como o free-jazz e as
vanguardas da música popular e
instrumental no Brasil.
Dodecafonismo
Com seus 85 anos de idade, a serem completados em setembro, o
compositor, professor e musicólogo alemão Hans Joachim Koellreuter transformou-se no maior
defensor e propagandista do dodecafonismo no Brasil, onde está
radicado desde 1937.
Foi seu aluno Cláudio Santoro
quem o iniciou na técnica vanguardista do movimento dodecafônico.
Polêmico, foi duramente atacado por compositores da escola
nacionalista, como seu ex-aluno
Guerra-Peixe (que o acusou de
plagiar, em seus escritos, o compositor português Fernando Lopes-Graça) e Camargo Guarnieri
(que criticou seu vanguardismo
na "Carta Aberta aos Músicos e
Críticos do Brasil").
Até hoje, tem detratores, que
notam ser sua música pouco executada e muito tributária das técnicas aleatórias consagradas nos
anos 60 pelo compositor norte-americano John Cage.
Discípulos
Por outro lado, Koellreuter tem
também discípulos apaixonados
(entre os quais se incluía Tom Jobim), que destacam seu papel
fundamental na formação de várias gerações de músicos brasileiros, em sua incansável atuação
como polemista, pensador da
música, agitador cultural e educador, em vários pontos do território nacional.
Curso: História da Música Ocidental no Século 20
Coordenação: Hans Joachim Koellreuter e Sérgio Villafranca
Quando: seg, das 20h às 22h (até 19 de junho)
Onde: Teca Oficina de Música (r. Capote Valente, 423, tels. 883-2294/881-0601)
Quanto: R$ 240
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