São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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CURSO
Compositor alemão dá aulas que tratam até da influência de Einstein na música contemporânea
Koellreuter repassa som do século 20

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

Restam poucos meses para o final do século 20 e, contudo, sua produção musical erudita continua um enigma.
Banida das salas de concerto e discriminada pelas gravadoras, a produção erudita sofre mais um duro golpe no Brasil com o recente cancelamento, por falta de patrocínio, do Festival Música Nova.
O festival é o mais antigo evento de divulgação de música contemporânea da América Latina, realizado, desde 1962, pelo compositor Gilberto Mendes.
Um curso no bairro paulistano de Pinheiros (zona sudoeste) busca mostrar um pouco desse repertório.
Ele se chama "História da Música Ocidental no Século 20" e é coordenado por Hans Joachim Koellreuter e Sérgio Villafranca.
Suas aulas -sempre às segundas-feiras- estão divididas em dois módulos e vão até 19 de junho, na Teca Oficina de Música.
No primeiro módulo, "Primeira Metade do Século 20", deve-se falar de autores como Debussy e Stravinski, além de tendências como o futurismo, o dodecafonismo e o modernismo.
Também será abordado o movimento "Música Viva", que Koellreuter criou no Brasil em 1939, e a influência da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, nas artes.
Já o módulo "Segunda Metade do Século 20" passa em revista o serialismo, a música eletroacústica, o minimalismo e a utilização de elementos aleatórios na produção do compositor norte-americano John Cage.
As relações entre Ocidente e Oriente também entram nessa parte, bem como o free-jazz e as vanguardas da música popular e instrumental no Brasil.

Dodecafonismo
Com seus 85 anos de idade, a serem completados em setembro, o compositor, professor e musicólogo alemão Hans Joachim Koellreuter transformou-se no maior defensor e propagandista do dodecafonismo no Brasil, onde está radicado desde 1937.
Foi seu aluno Cláudio Santoro quem o iniciou na técnica vanguardista do movimento dodecafônico.
Polêmico, foi duramente atacado por compositores da escola nacionalista, como seu ex-aluno Guerra-Peixe (que o acusou de plagiar, em seus escritos, o compositor português Fernando Lopes-Graça) e Camargo Guarnieri (que criticou seu vanguardismo na "Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil").
Até hoje, tem detratores, que notam ser sua música pouco executada e muito tributária das técnicas aleatórias consagradas nos anos 60 pelo compositor norte-americano John Cage.

Discípulos
Por outro lado, Koellreuter tem também discípulos apaixonados (entre os quais se incluía Tom Jobim), que destacam seu papel fundamental na formação de várias gerações de músicos brasileiros, em sua incansável atuação como polemista, pensador da música, agitador cultural e educador, em vários pontos do território nacional.

Curso: História da Música Ocidental no Século 20
Coordenação: Hans Joachim Koellreuter e Sérgio Villafranca
Quando: seg, das 20h às 22h (até 19 de junho)
Onde: Teca Oficina de Música (r. Capote Valente, 423, tels. 883-2294/881-0601)
Quanto: R$ 240


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