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HOMENAGEM
Exposição tímida reúne fotografias, cartas e escritos
Biblioteca do Memorial lembra os 100 anos de Mário Pedrosa
especial para a Folha
As comemorações do centenário de nascimento de Mário Pedrosa (1900-1981) começam tímidas. Hoje, a biblioteca do Memorial da América Latina abre uma
exposição com cerca de 60 fotografias e reproduções de cartas e
ofícios escritos e/ou dirigidos ao
militante trotskista e crítico de arte Pedrosa -como crítico, considerado por muitos "o nosso
maior".
A mostra traz imagens de Pedrosa num internato suíço onde
iniciou sua formação -e onde já
apareceriam suas primeiras idéias
de alteridade e nacionalismo, dois
de seus temas fundamentais- e
também fotos de seus últimos
dias, em Ipanema.
Como nota curiosa, a reprodução de um anúncio de repressão
ao comunismo dos anos 30 mostra o rosto de um jovem Pedrosa
entre outros proscritos pelo regime getulista.
Numa vitrine, vêem-se cartas,
ofícios e capas de livros de (e sobre) Pedrosa, o que serve apenas
como "teaser", já que não é possível folheá-los. A tese de 1949
-"altamente polêmica, como tudo que escreveu", nas palavras de
Otília Arantes, principal exegeta
da obra de Pedrosa-, sobre os
efeitos deletérios da presença da
missão francesa no Brasil de 180
anos atrás, está lá, em versão original. Mas não é possível lê-la.
Ciosa da despretensão da homenagem, Leonor Amarante, diretora do setor de publicações do
Memorial, explica: "A mostra
surgiu como complemento a uma
mesa-redonda que realizaremos
no dia 25. Ela não conta exatamente com uma curadoria, tendo
material reunido de dois institutos diferentes".
Amarante se diz admiradora da
obra de Pedrosa, a quem pessoalmente entrevistou para o jornal
"O Estado de S.Paulo". "Tinha
uma visão muito lúcida da arte
brasileira."
O crítico, célebre por ter sido capaz de equilibrar dois ideários
aparentemente contraditórios
-um claro engajamento político
e um entendimento da arte como
"exercício experimental de liberdade"-, é lembrado por Amarante também num momento
crucial da cultura brasileira, a
criação da Bienal de São Paulo.
"Lembro de sua posição contra
Vilanova Artigas e alguns artistas
modernistas brasileiros, que viam
a Bienal como um sinal de subordinação à arte estrangeira."
Exilado pelo Estado Novo getulista e pelo regime de exceção de
64, Pedrosa participou da criação
do Instituto de Estudos Latino-Americanos e do Museu da Solidariedade, no Chile. O que talvez
ajude a explicar a afinidade do
Memorial com esse grande pensador brasileiro do século 20.
Livro
A Edusp lança, no dia 25, também no Memorial, "Modernidade Cá e Lá", quarto volume da
editora da série de ensaios de Mário Pedrosa, sempre organizados
por Otília Arantes. "Modernidade" sucede "Política das Artes",
"Forma e Percepção Estética" e
"Acadêmicos e Modernos".
(PAULO VIEIRA)
Exposição: Mário Pedrosa - 100 Anos
Onde: Memorial da América Latina -Biblioteca Victor Civita (av. Auro Soares
de Moura Andrade, 664, Barra Funda, tel. 3823-9611)
Quando: seg. a sex., 9h às 18h; sáb., 9h às 15h; até dia 29 (mesa-redonda no dia 25, 20h, com Aracy Amaral, Ferreira Gullar, Lélia Abramo, Otília Arantes e José Castilho Marques Neto)
Quanto: grátis
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