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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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Com a Osesp, argentino declara seu amor por Brahms

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pianista argentino Bruno Leonardo Gelber, 61, concedeu entrevista à Folha na qual fala sobre sua paixão pelo "Concerto para Piano e Orquestra nš 2", de Johannes Brahms (1833-1897), interpretado hoje com a Osesp na Sala São Paulo.
Gelber foi o intérprete de uma antológica gravação dessa mesma peça, feita em 1973, em Londres, com a Royal Philharmonic, regida por Rudolf Kempe. É considerada a mais requintada para o instrumento do período mais maduro do romantismo alemão.
A seguir, os principais trechos da conversa.
 

Folha - Que lugar Brahms ocupa em seu repertório?
Bruno Leonardo Gelber -
Sou conhecido como um intérprete muito apaixonado por esse compositor.
Dele eu gosto de tudo, e mais ainda das peças para piano. Os dois concertos para piano e orquestra são duas maravilhas, obras ao mesmo tempo complexas e bonitas. No caso do "Concerto para Piano e Orquestra Número 2", é um luxo, por exemplo, a parte escrita para os violoncelos no terceiro movimento.

Folha - Quais as dificuldades específicas de interpretação dessa récita?
Gelber -
É preciso mobilizar uma técnica especial. Há um toque nas teclas bastante particular. A construção musical é difícil.

Folha - Em termos de dificuldade, o que mais o assusta?
Gelber -
O "Concerto nš 3", de Sergei Rachmaninov, com certeza. Mas as dificuldades de Brahms são para mim muito "naturais". Qualquer pianista dirá que existem dificuldades mais "naturais" e outras menos.
Essa naturalidade existe para mim quando se trata de Beethoven e Brahms.

Folha - Qual a naturalidade que o sr. vê na interpretação dessas obras?
Gelber -
Vai muito de meu gosto. O "Concerto nš 2" se encaixa em meu paladar musical. Não é uma relação intelectual. É o meu afeto pela obra e sua mensagem que estão em jogo.

Folha - Sua biografia informa que o sr. participou de 4.500 récitas, aproximadamente. O "Concerto nš 2" foi interpretado quantas vezes?
Gelber -
Umas 300 vezes pelo menos. Mas eu o estudo sempre como se estivesse para interpretá-lo pela primeira vez, porque ele é cheio de armadilhas que enganam quem o enfrenta com excesso de confiança.


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