Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com a Osesp, argentino declara seu amor por Brahms
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O pianista argentino Bruno
Leonardo Gelber, 61, concedeu
entrevista à Folha na qual fala sobre sua paixão pelo "Concerto para Piano e Orquestra nš 2", de Johannes Brahms (1833-1897), interpretado hoje com a Osesp na
Sala São Paulo.
Gelber foi o intérprete de uma
antológica gravação dessa mesma
peça, feita em 1973, em Londres,
com a Royal Philharmonic, regida
por Rudolf Kempe. É considerada
a mais requintada para o instrumento do período mais maduro
do romantismo alemão.
A seguir, os principais trechos
da conversa.
Folha - Que lugar Brahms ocupa em seu repertório?
Bruno Leonardo Gelber - Sou conhecido como um intérprete
muito apaixonado por esse compositor.
Dele eu gosto de tudo, e mais
ainda das peças para piano. Os
dois concertos para piano e orquestra são duas maravilhas,
obras ao mesmo tempo complexas e bonitas. No caso do "Concerto para Piano e Orquestra Número 2", é um luxo, por exemplo,
a parte escrita para os violoncelos
no terceiro movimento.
Folha - Quais as dificuldades específicas de interpretação dessa récita?
Gelber - É preciso mobilizar
uma técnica especial. Há um toque nas teclas bastante particular.
A construção musical é difícil.
Folha - Em termos de dificuldade,
o que mais o assusta?
Gelber - O "Concerto nš 3", de
Sergei Rachmaninov, com certeza. Mas as dificuldades de Brahms
são para mim muito "naturais".
Qualquer pianista dirá que existem dificuldades mais "naturais"
e outras menos.
Essa naturalidade existe para
mim quando se trata de Beethoven e Brahms.
Folha - Qual a naturalidade que o
sr. vê na interpretação dessas
obras?
Gelber - Vai muito de meu gosto.
O "Concerto nš 2" se encaixa em
meu paladar musical. Não é uma
relação intelectual. É o meu afeto
pela obra e sua mensagem que estão em jogo.
Folha - Sua biografia informa que
o sr. participou de 4.500 récitas,
aproximadamente. O "Concerto nš
2" foi interpretado quantas vezes?
Gelber - Umas 300 vezes pelo
menos. Mas eu o estudo sempre
como se estivesse para interpretá-lo pela primeira vez, porque ele é
cheio de armadilhas que enganam quem o enfrenta com excesso de confiança.
Texto Anterior: Osesp/crítica: Um amor que se pode distinguir do ódio Próximo Texto: Orquestra exibe seu ecletismo em setembro Índice
|