São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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TEATRO
Dramaturgo divide autoria do texto com a mulher e o filho
Clarisse Abujamra estréia peça A Maçã de Eva, de Dario Fo


free-lance para a Folha


"Nós temos problemas sexuais." Com esta frase, Clarisse Abujamra inicia o monólogo "A Maçã de Eva", que estreou à meia-noite ontem, no teatro Hilton.
O texto é uma tradução de "Sesso? Grazie Tanto per Gradire", escrito pelo dramaturgo italiano Dario Fo (leia texto abaixo), em parceria com sua mulher, a atriz Franca Rame, e o filho do casal, Jacopo Fo.
Com humor, a peça discorre sobre as culpas, ansiedades e medos que estão presentes na vida das pessoas -quando o assunto é sexo- desde que Adão e Eva comeram o fruto proibido. "Hoje em dia existe essa idéia de que liberou geral. Mas, para que isso seja verdade, a gente teria que ter uma cabeça mil anos à frente do que temos", diz Clarisse.
A atriz conta que a peça estreou em 95, na Itália, e causou polêmica: "A igreja fez muito barulho. Mas não acredito que isso venha a se repetir aqui. A moral deles é muito diferente da nossa".
Para a montagem brasileira, foram necessárias adaptações. "No texto original, é a Franca falando sobre as experiências sexuais dela, do marido, do filho, das amigas. Eu não poderia fazer isso."
Clarisse optou por criar uma personagem para tomar o lugar de Franca: "É uma mulher tímida, muito pura, que é chamada para dar um depoimento sobre sexo. Isso já cria um humor delicado",
A direção do espetáculo é de Ivan Feijó, com quem Clarisse já havia trabalhado, em 96 no espetáculo "Orquídea".
"O meu cenário é uma mesa e uma cadeira. Eu precisava de alguém como o Ivan, um diretor de atores. E ele é muito dedicado, um perfeccionista"
A atriz, que também é a produtora da peça, acredita que seu maior desafio será o horário: "Se eu tivesse só a meia-noite, não arriscaria. Mas eu tenho o domingo, às 20h30, o que dá uma alternativa para as pessoas." (ANA PAULA RAGAZZI)


Peça: A Maçã de Eva
Quando: sextas e sábados, à meia-noite; domingos, às 20h30
Onde: Teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, tel. 259-6508)
Quanto: R$ 20


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