São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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Veterano e novatos estão em mostras

DA REDAÇÃO

Uma maleta cheia de ferramentas foi o que Abraham Palatnik, 73, levou na última quarta-feira para ajustar algumas peças que integram "Pioneiro Palatnik", uma das exposições que inauguram o Itaú Cultural, escolhida justamente "pela proximidade com o atual eixo do instituto: arte e tecnologia", segundo Milú Villela e Ricardo Ribenboim, diretor superintendente da instituição.
Ajustes feitos minuciosamente em cada peça (objetos e aparelhos cinéticos), com um toque de "professor Pardal", revelam muito sobre o artista nascido em Natal que passou parte da vida em Israel, onde estudou artes plásticas e mecânica.
"Eu comecei com essa atividade de arte cinética por acaso", diz Palatnik, contando sua visita ao hospital psiquiátrico Dom Pedro 2º, onde conheceu o trabalho da médica Nise da Silveira, que estimulava os pacientes esquizofrênicos a produzir arte. As obras dos internos (algumas delas presentes na exposição) acabaram dando novo rumo à arte de Palatnik ("eu fiquei desnorteado!"), então com 20 anos. Com o apoio do crítico Mário Pedrosa, resolveu apostar na arte cinética e, em 1951, integraria "por acidente" a 1ª Bienal de Arte de São Paulo. "Ele faz o primeiro cinecromático em 51 e o Mário Pedrosa tenta levá-lo para a Bienal, mas foi recusado", conta o curador da exposição, Marcio Doctors, 45. "A Bienal não estava pronta pra aceitá-lo; primeiro, porque só aceitava as formas de expressão tradicionais das artes plásticas; segundo, porque para ter um cinecromático você não precisa de luz. Tem que ver na penumbra, na escuridão. Ele muda a noção de exposição", teoriza.
Outra exposição que inaugura a sede reformada do Itaú Cultural é "Vertentes da Produção Contemporânea". A mostra é uma reunião de 54 jovens artistas de todo o Brasil escolhidos pelo programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais 2001/2003, que aponta a produção contemporânea brasileira e é dividido em três módulos: "Arte: Sistema e Redes", que enfoca arte e tecnologia, "Entre o Mundo e o Sujeito", sobre contemporaneidade, e "Poéticas da Atitude: o Transitório e o Precário", que questiona a transitoriedade da obra e dos materiais.



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