São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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Karabtchevsky assume grupo francês

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O maestro brasileiro Isaac Karabtchevsky, 67, assume em janeiro a direção musical da Orquestra da Região do Loire e a direção artística das óperas das cidades francesas de Nantes e Angers.
Seu posto -e esse pacote de atribuições- é tão prestigioso, no organograma musical, quanto o dos diretores de Estrasburgo, Lyon ou Bordeaux, que também capitalizam com a política de descentralização -produções fora de Paris- de concertos sinfônicos e montagens líricas.
Karabtchevsky, que foi por oito anos o regente titular e, em seguida, diretor musical do Teatro La Fenice, de Veneza, substitui o maestro holandês Hubert Soudant, que também é regente no Mozarteum, de Salzburgo, e na Filarmônica de Tóquio.
"Meus planos, inicialmente, eram o de me tornar, de agora em diante, apenas maestro convidado, sem sofrer desgastes no relacionamento com músicos e com os sindicatos", disse à Folha. "Só no La Fenice não se montava nada sem o acordo com cinco sindicatos, que traziam idéias políticas muitas vezes conflitantes."
Ele já passou pela Áustria, com a Orquestra Tonkiinstler, de Viena, pela Itália e mais suas duas experiências locais, a OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira, do Rio) e a OSM (Orquestra Sinfônica Municipal, de São Paulo), esta última entre 1993 e 1998.
Mudou de idéia com o convite da Orquestra Nacional da Região do Loire (Pays de la Loire, em francês), com seus 120 músicos, ao todo cerca de 140 récitas anuais em sete cidades, e sobretudo a possibilidade de montar dez produções de ópera por ano.
São cinco em Angers, para uma orquestra reduzida e que se dá bem com o repertório de Mozart, Rossini ou Stravinski, e cinco em Nantes, que tem um teatro do século 18 com espaço maior para os músicos e apta a produzir óperas com orquestras mais numerosas.
A orquestra não participa, com o conjunto de seus músicos, dos 140 concertos de seu calendário anual. "Ela é dividida em subgrupos, que os franceses designam de "falanges", e o diretor em geral rege o programa mais trabalhoso", diz o maestro brasileiro.
Para suas apresentações -ópera, concerto sinfônico, música de câmara-, a Região do Loire possui 8.000 assinantes nas cidades em que está implantada, o que, diz Karabtchevsky, "é uma prova bastante encorajadora de respaldo comunitário".


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