DA REPORTAGEM LOCAL

"Tenho 84 anos com pernas de 30", diz Virgínia Lane, que se orgulha de manter seu "negócio" à custa de ginástica, hidro e bicicleta, como diz, sem recorrer a cirurgias plásticas. "Não botei agulha em mim."
Seu par de pernas era/é um ganha-pão. "Não canta, só abre", afirma a bem-humorada Lane, carioca que iniciou carreira nos anos 40, projetou-se no teatro de revista da praça Tiradentes, nas chanchadas da Atlântida e da Vera Cruz, e ainda registrou sua voz em 24 discos.
Lane tornou-se conhecida como "Sua Excelência, a Vedete", apelido empregado por Getúlio Vargas (1883-1954) e título homônimo do espetáculo solo que ela estréia e apresenta somente hoje no Sesc Ipiranga.
Vargas, de quem foi amante por 15 anos, é um dos assuntos com os quais Lane vai pontuar um roteiro com 13 canções, como a marcha "Sassaricando", de Luiz Antonio e Jota Júnior, lançada em 1951.
A intérprete é acompanhada pela Orquestra Som Nascente, com 12 músicos, sob direção do maestro Perásio Sterque.
O acento é memorialístico, afirma o diretor do espetáculo musical, Heron Coelho. A idéia é intercalar imagens da época de ouro da vedete, vindas do arquivo do pesquisador Hermínio Bello de Carvalho
"Estou de bem com a vida, ela é um barato", diz Lane, contrapondo a si minutos depois na entrevista por telefone, da Serra das Araras, município de Piraí (RJ), onde mora: "O mundo é muito ingrato: ou ele encosta o artista, como fizeram comigo, ou se lembra dele de vez em quando, como faz o Sesc agora. Tomara que Silvio Santos e Raul Gil estejam lá para ver como eu ainda estou inteira". Ela integrou o júri de calouros dos dois apresentadores por 15 anos ao todo.
(VS)