CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

No início dos anos 50, os gramados de Santos nos deram Pelé, mas nos tiraram um bom ponta-esquerda de nome Plínio Marcos.
Baixinho e habilidoso, o "astro" dos times Portuguesa Santista e Jabaquara teve problemas de circulação nas pernas e teve de abandonar os campos de futebol. Foi driblar em outras freguesias, sobretudo no teatro, de onde se tornou uma espécie de Garrincha.
A partir de hoje a memória de Plínio Marcos (1935-1999), que neste ano completaria 70 anos, volta aos gramados. Um projeto organizado pelo Sesc Santo André recupera a relação do dramaturgo com o mundo da bola, com atividades que incluem até jogos de futebol com os masters de Santos, Jabaquara e Portuguesa Santista.
O festival não pára dentro das quatro linhas. Além da relação de Marcos com o futebol, o evento no ABC recupera outros lados menos lembrados do autor de "Navalha na Carne".
"Plínio de Outros Marcos", nome do projeto, abre passagem, por exemplo, para as conexões do escritor com o samba. Grande admirador do gênero, criador da histórica banda carnavalesca Banda Bandalha (leia acima), Marcos chegou até a gravar LPs com registros de espetáculos que fazia com sambistas como Geraldo Filme, Toninho Batuqueiro e Zeca da Casa Verde.
Músicos como esses serão lembrados no Sesc Santo André com apresentações de documentários -com destaque para um sobre Geraldo Filme (1928-95)-, temas de seus repertórios em shows de sambistas como Valdir da Fonseca (com participação especial de Batuqueiro, que atuou com Plínio Marcos no espetáculo "Nas Quebradas do Mundaréu") e em rodas de samba, com grupos como o Revista do Samba.
Entre os destaques estão a "roda de samba cênica" Teatro Samba do Caixote, que recupera o ambiente do show homônimo organizado pelo dramaturgo nos anos 70, e a leitura "Unidos da Barra do Catimbó", que será encerrada com bate-papo com Léo Lama, filho de Marcos (Kiko Barros, outro filho, também estará em debate, após a exibição do filme "O Legado do Palhaço Frajola").
O teatro de Marcos, sempre reverenciado, desta vez fica de escanteio. Mas serão apresentadas leituras dramáticas de textos em prosa, em especial sobre samba e futebol, dois temas perdidos na "noite suja" de Plínio Marcos.