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"Culturinha" fecha temporariamente
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos camarins, chuveiros foram
retirados, secadores de cabelos,
proibidos. Passados 15 dias do
plano de racionamento de energia
decretado pelo governo federal, a
produção paulistana de teatro começa a adotar medidas, por assim
dizer, mais dramáticas.
Dois espaços tradicionais da cidade, o teatro Cultura Artística,
90, na região central, e o Centro
Cultural São Paulo, 18, no Paraíso,
anunciam medidas de impacto: o
primeiro fechará temporariamente uma das duas salas. O segundo adiantará em 90 minutos o
início dos espetáculos em seus
palcos.
Também conhecido como
"Culturinha", a sala Rubens Sverner do Cultura Artística ficará
sem programação a partir do dia
1º de julho, quando a comédia
"Tango, Bolero e Cha Cha Cha"
encerra temporada.
Segundo a assessora da Sociedade de Cultura Artística Camila
Ferreira, 57, a administração cancelou a temporada do espetáculo
"Mais-Que-Imperfeito", de Marcelo Rubens Paiva, agendado desde abril, que vem de temporada
no Rio e deveria estrear no dia 3
de agosto, seguindo em cartaz até
30 de setembro.
"Não queríamos nos comprometer com a temporada da peça e,
de repente, tomar uma medida
mais drástica e tirá-la de cartaz
para cumprir as metas do racionamento", diz Camila. A recomendação é para que o consumo
seja reduzido em média 20%.
"Cortamos o consumo em mais
de 50% de tudo que podia ser cortado, mas não estamos conseguindo economizar o suficiente",
afirma a assessora.
A diretora de produção da comédia "Mais-Que-Imperfeito",
Maria Siman, 44, diz que a administração do teatro comunicou-lhe a decisão há duas semanas.
"Fui pega de surpresa, tive que
procurar outro teatro em cima da
hora. O fechamento de uma sala
prova o absurdo a que estamos
chegando", afirma Maria. A medida adotada pelo Cultura Artística, ressalva a assessora, não é de
fechamento definitivo.
"Mais-Que-Imperfeito" entra
em cartaz no teatro Augusta no
dia 9 de agosto. Para o autor Marcelo Rubens Paiva, 41, a continuar
assim, a onda de racionamento
periga interferir no próprio desenho de luz das montagens, ao
ponto de determinar o número de
refletores. "Vamos chegar ao teatro da penumbra. Quem vai sair
ganhando com isso são os atores
ruins, porque o público não poderá jogar tomate ou ovo", ironiza.
"Mesmo assim, é preferível um
espetáculo no escuro ao teatro fechado." Blecaute.
A sala Rubens Sverner possui
333 lugares. Sua vizinha, a sala Esther Mesquita, oferece 1.156 lugares e, atualmente, abriga a temporada de outra comédia, "Duas
Mulheres e um Cadáver", que sai
de cartaz no próximo domingo.
Camila diz que está confirmada
a estréia, em agosto, de uma superprodução na sala maior: o musical "Vítor ou Vitória", estrelado
por Marília Pêra e dirigido por
Jorge Takla. "Os concertos regulares da Sociedade de Cultura Artística também não sofreram alterações", afirma a assessora.
Centro Cultural São Paulo
A partir da próxima segunda-feira (25), os espetáculos teatrais
do Centro Cultural São Paulo terão seus horários alterados na
grade. De terça a sábado, as apresentações começam às 20h, não
mais às 21h30. E aos domingos, às
19h, não mais às 20h30.
Segundo o diretor da Divisão de
Artes Cênicas e Música do Centro
Cultural, Sebastião Milaré, 55, a
medida permitirá que o espaço
encerre todas as suas atividades às
22h30. Atualmente, as luzes são
apagadas à meia-noite.
(VS)
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