São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

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"Culturinha" fecha temporariamente

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos camarins, chuveiros foram retirados, secadores de cabelos, proibidos. Passados 15 dias do plano de racionamento de energia decretado pelo governo federal, a produção paulistana de teatro começa a adotar medidas, por assim dizer, mais dramáticas.
Dois espaços tradicionais da cidade, o teatro Cultura Artística, 90, na região central, e o Centro Cultural São Paulo, 18, no Paraíso, anunciam medidas de impacto: o primeiro fechará temporariamente uma das duas salas. O segundo adiantará em 90 minutos o início dos espetáculos em seus palcos.
Também conhecido como "Culturinha", a sala Rubens Sverner do Cultura Artística ficará sem programação a partir do dia 1º de julho, quando a comédia "Tango, Bolero e Cha Cha Cha" encerra temporada.
Segundo a assessora da Sociedade de Cultura Artística Camila Ferreira, 57, a administração cancelou a temporada do espetáculo "Mais-Que-Imperfeito", de Marcelo Rubens Paiva, agendado desde abril, que vem de temporada no Rio e deveria estrear no dia 3 de agosto, seguindo em cartaz até 30 de setembro.
"Não queríamos nos comprometer com a temporada da peça e, de repente, tomar uma medida mais drástica e tirá-la de cartaz para cumprir as metas do racionamento", diz Camila. A recomendação é para que o consumo seja reduzido em média 20%.
"Cortamos o consumo em mais de 50% de tudo que podia ser cortado, mas não estamos conseguindo economizar o suficiente", afirma a assessora.
A diretora de produção da comédia "Mais-Que-Imperfeito", Maria Siman, 44, diz que a administração do teatro comunicou-lhe a decisão há duas semanas.
"Fui pega de surpresa, tive que procurar outro teatro em cima da hora. O fechamento de uma sala prova o absurdo a que estamos chegando", afirma Maria. A medida adotada pelo Cultura Artística, ressalva a assessora, não é de fechamento definitivo.
"Mais-Que-Imperfeito" entra em cartaz no teatro Augusta no dia 9 de agosto. Para o autor Marcelo Rubens Paiva, 41, a continuar assim, a onda de racionamento periga interferir no próprio desenho de luz das montagens, ao ponto de determinar o número de refletores. "Vamos chegar ao teatro da penumbra. Quem vai sair ganhando com isso são os atores ruins, porque o público não poderá jogar tomate ou ovo", ironiza. "Mesmo assim, é preferível um espetáculo no escuro ao teatro fechado." Blecaute.
A sala Rubens Sverner possui 333 lugares. Sua vizinha, a sala Esther Mesquita, oferece 1.156 lugares e, atualmente, abriga a temporada de outra comédia, "Duas Mulheres e um Cadáver", que sai de cartaz no próximo domingo.
Camila diz que está confirmada a estréia, em agosto, de uma superprodução na sala maior: o musical "Vítor ou Vitória", estrelado por Marília Pêra e dirigido por Jorge Takla. "Os concertos regulares da Sociedade de Cultura Artística também não sofreram alterações", afirma a assessora.

Centro Cultural São Paulo
A partir da próxima segunda-feira (25), os espetáculos teatrais do Centro Cultural São Paulo terão seus horários alterados na grade. De terça a sábado, as apresentações começam às 20h, não mais às 21h30. E aos domingos, às 19h, não mais às 20h30.
Segundo o diretor da Divisão de Artes Cênicas e Música do Centro Cultural, Sebastião Milaré, 55, a medida permitirá que o espaço encerre todas as suas atividades às 22h30. Atualmente, as luzes são apagadas à meia-noite. (VS)



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