São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999


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Em 92, "Paraíso Perdido" deu um grito neo-romântico

da Reportagem Local

Uma das marcas de "Paraíso Perdido", primeiro espetáculo do que viria a ser uma trilogia e que estreou em 92 na belíssima igreja de Santa Ifigênia, foi deixar platéia e palco para trás.
Eram estações, um pouco como na Trilogia Antiga de Andrei Serban vista na cidade um ano antes. O público seguia os atores, na reedição de uma procissão. Carregado de gelo seco, o interior da igreja era quase inteiramente tomado por cenas fragmentadas.
"Paraíso" transmitia antes um desejo de religação com o sagrado, inspirado no poema de John Milton e no Gênesis, do que uma ordenação, uma construção dramática.
Não havia linearidade na dramaturgia de Sérgio de Carvalho, e muito da interpretação se dissolvia em histeria. Mas o cortejo prosseguia e, aos poucos, se sobrepunha aos excessos sensoriais.
Eram atores jovens, Matheus Nachtergaele e Vanderlei Bernardino entre eles, a expressar um grito indefinido diante da nascente religiosidade deste fim de milênio, num neo-romantismo vazado de contradições. (NS)


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