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Em 92, "Paraíso Perdido" deu
um grito neo-romântico
da Reportagem Local
Uma das marcas de "Paraíso
Perdido", primeiro espetáculo do
que viria a ser uma trilogia e que
estreou em 92 na belíssima igreja
de Santa Ifigênia, foi deixar platéia e palco para trás.
Eram estações, um pouco como
na Trilogia Antiga de Andrei Serban vista na cidade um ano antes.
O público seguia os atores, na reedição de uma procissão. Carregado de gelo seco, o interior da igreja era quase inteiramente tomado
por cenas fragmentadas.
"Paraíso" transmitia antes um
desejo de religação com o sagrado, inspirado no poema de John
Milton e no
Gênesis, do
que uma ordenação, uma
construção
dramática.
Não havia linearidade na
dramaturgia
de Sérgio de
Carvalho, e
muito da interpretação se dissolvia em histeria. Mas o cortejo prosseguia e,
aos poucos, se sobrepunha aos
excessos sensoriais.
Eram atores jovens, Matheus
Nachtergaele e Vanderlei Bernardino entre eles, a expressar um
grito indefinido diante da nascente religiosidade deste fim de milênio, num neo-romantismo vazado de contradições.
(NS)
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