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Crítica/"The Wind that Shakes the Barley"
Filme-denúncia fala para simpatizantes
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O inglês Ken Loach participou pela primeira
vez da Mostra na 3ª
edição, em 1979, com "Black
Jack", ambientado no século
18. Na ocasião, ainda usava
"Kenneth". Nas diversas outras
vezes em que retornou, com filmes como "Agenda Secreta"
(90) e "Terra e Liberdade" (95),
já era o investigador de mazelas
sociais e políticas do século 20.
Em "The Wind that Shakes
the Barley", Loach e o roteirista
Paul Laverty adotam a perspectiva dos republicanos irlandeses na batalha contra o domínio
britânico na década de 1920.
Na velha e ainda eficiente estirpe do filme-denúncia, os invasores da ilha (que havia sido
integrada ao Reino Unido em
1801) são os vilões odiáveis da
primeira parte da trama. Depois, as divisões nas fileiras irlandesas ocupam as atenções.
Na estratégia de Loach, a parte
quer falar pelo todo: a ação de
dois ou três personagens procura condensar o estado de coisas naquele momento.
Aspectos públicos e privados
se confundem na trajetória de
dois irmãos. Teddy (Padraic
Delaney) se integra logo cedo à
guerrilha, enquanto Damien
(Cillian Murphy) quer distância do conflito e pretende se
mudar para Londres. Um episódio de brutalidade faz com
que se integre à resistência.
Próximos durante algum
tempo, seus caminhos se distanciam à medida que o quadro
político adquire novos contornos. Embora os conflitos de
consciência tornem os personagens mais complexos, não há
dúvidas sobre qual o lado escolhido pelo filme, o que não afeta
seu impacto, mas o transforma
em espécie de pregação para já
convertidos.
THE WIND THAT SHAKES THE BARLEY
Direção: Ken Loach
Quando: hoje, às 23h10, e qua., às
15h20, no Reserva Cultural Sala 2; qui.,
às 13h30, no Cinesesc, seg. (30), às
19h10, no Unibanco Arteplex 1
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