EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

De hoje até 8 de maio, o Centro Cultural São Paulo dá a um público maior do que o dos bares dedicados ao estilo a chance de conferir os músicos que estão mudando a geografia do blues nacional, fazendo o rio Tietê desembocar no Mississipi.
Com shows de quinta a domingo, o Projeto Só Blues junta nomes paulistas -Nuno Mindelis (dias 24 e 25/4), Blue Jeans (2/5), Mr. Mojo e Prado Blues Band (30/4), Cracker Blues (22/4), Thiago Cerveira e Rockett Blues (1º/5) e Mauro Hector (23/4)- com os cariocas Blues Etílicos (8 e 9/5) e os curitibanos Mister Jack (23/4).
A bênção internacional marca duas das atrações. Além de ter faixas do seu mais recente CD, "Twelve Hours", descarregadas constantemente nos sites de rádios norte-americanas especializadas em blues, Nuno Mindelis, 45, guitarrista angolano radicado no Brasil, vai ter de fazer as malas duas vezes no futuro próximo.
"Fui convidado para participar da cerimônia de entrega do W.C. Handy [o Oscar do blues, que acontece no final do mês, em Memphis]. Além disso, vou tocar de novo no Festival de Jazz de Montreal [onde já esteve em 2001]", conta o guitarrista.
Outros ungidos com o OK vindo de fora são os rapazes do Blue Jeans. No mês passado, fizeram os shows de abertura da turnê de B.B. King. Num deles, o velho blueseiro, que havia visto a apresentação do camarim, chamou o trio para o palco e ordenou uma salva de palmas. "Agora você não tem desculpa para deixar de pôr nosso nome no jornal", diz Júnior Moreno, baterista e vocalista da banda, que vai basear o show no CD "Come Back Home" (2003).
O Blues Etílicos vem a São Paulo mostrar a fusão de ritmos brasileiros com o blues explorada no CD "A Cor do Universo".
Donos de uma lista menos extensa, mas já velhos conhecidos dos freqüentadores de clubes dedicados ao estilo, as bandas Prado Blues Band e Mr. Mojo vão protagonizar a noite mais variada do festival. A primeira é especialista em jump blues, um desvio dançante e enamorado do swing. A segunda se exercita num estilo mais próximo ao de Chicago, ou seja, gutural, energético e eletrificado em mais de um sentido.
E vale conferir a variedade estilística das composições do santista Mauro Hector e a velocidade e precisão do guitarrista Júlio Maria, líder da Rockett Blues.