São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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"O QUEBRA-NOZES"

Malabarismos da montagem com Ana Botafogo, em cartaz só até hoje, aproximam público da dança

Cisne Negro visita a natureza dos sonhos

Divulgação
Cena da versão do Cisne Negro para o clássico "O Quebra-Nozes", espetáculo apresentado hoje às 17h e às 21h, no Via Funchal


INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

Não há tanto motivo para festa, mas o Natal não escolhe a hora. Chegou com tudo na cidade, até no Via Funchal, onde está em cartaz "O Quebra-Nozes" -o mais clássico balé natalino. A montagem do Cisne Negro dá direito a brindes e malabarismos, entre as várias novidades inventadas pela diretora Hulda Bittencourt para favorecer a aproximação com a dança, fora do palco tradicional.
Foram mais de 2.000 pessoas que assistiram à estréia, dia 14. Um público diferente: acomodado em mesas, de lado para o palco ou em balcões distantes, apelando para os telões. Cenário que poderia ter destruído qualquer vestígio de arte. Mas seria injusto dizer que a noite não foi natalinamente encantada, em especial por conta de Ana Botafogo, convidada de honra, dando uma aula de domínio de cena.
Com música de Tchaikóvski (1840-93), "O Quebra-Nozes" é um conto de fadas dançado, inspirado na história de E.T.A. Hoffmann ("O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos").
Mas não há nada aqui da ironia do romantismo alemão. A fantasia, na dança, não rompe jamais seu véu de irrealidade.
Ana Botafogo é a própria rainha dos flocos de neve, mas foi na famosa "Fada Açucarada" do segundo ato que ela tirou o fôlego da platéia, junto com seu príncipe, Admilson Moretti. Seus giros foram precisos e rápidos, e os saltos de Moretti, alongados e flutuantes. Dança clássica verdadeiramente clássica.
"O Quebra-Nozes" é um balé simples, mas sofisticado, muito engenhoso. Na montagem de Bittencourt e sua equipe, os passos e combinações favorecem o elenco, que aqui e ali enfrentam dificuldades técnicas.
Exemplo: no segundo ato, na série de danças características, a simplicidade proposital acaba transformando as cenas numa sucessão de instantâneos. Mas é um batalhão de gente em cena, entre profissionais, semiprofissionais e crianças da escola; e tudo somado o resultado é mais que animador.
O espaço não era ideal? Problemas técnicos dificultavam o desempenho? Entre o ideal e o possível, o que fica na memória é um encantamento renovado da dança, que dá outro sentido ao calendário e um significado feliz para a palavra Natal.


O Quebra-Nozes
   
Quando: hoje, às 17h e às 21h
Quanto: de R$ 25 a R$ 70
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel.: 3846-2300)
Patrocinador: Petrobras



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