São Paulo, Sábado, 23 de Outubro de 1999
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CRÍTICA
A senha para o perigo

da Redação

A palavra-chave deles é rebelião, mas os skinheads de "Oi! Warning" não sabem contra o que se rebelar. Apolíticos e sem alvos concretos, voltam suas armas contra as demais tribos urbanas e minorias raciais e sexuais.
Esse universo, em que os homens só sabem se afirmar pela truculência, torna-se o único código de masculinidade para o adolescente Janosch. Egresso do meio operário, ele não almeja, por exemplo, se tornar um alto executivo de multinacional -mesmo porque essa realidade lhe é estranha e inalcançável.
Seu modelo é o skinhead Koma, que trabalha em uma engarrafadora e cujos passatempos se resumem a lutar kickboxing, encher a cara e dançar pogo ao som de bandas oi (gênero preferido dos skinheads que tem batida lenta e pesada e letras nacionalistas).
Janosch tenta ser a réplica fiel de Koma. Raspa a cabeça, tatua o corpo, aprende a lutar e faz pouco caso do colégio e de seu professor -um hilariante tirano que venera os revolucionários jacobinos e suas técnicas de execução.
Aos poucos, Janosch começa a se indagar se aquele é o caminho que sua vida deve tomar. Suas dúvidas são acentuadas quando conhece um jovem punk, por quem a afeição cedo irá desbancar para uma amizade que vai muito além do abraço e do aperto de mão.
No universo skinhead, tal "anomalia" precisa ser erradicada e, de preferência, às ocultas. Não cabe tentar entender a diferença, mas sim destruí-la sem deixar rastros. (BG)


Avaliação:    

Filme: Oi! Warning (Oi! Warning) Direção: Dominik e Benjamin Reding Produção: Alemanha, 1999, 90 min Quando: hoje, às 18h, no Espaço Unibanco Outras exibições na mostra: não há

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