|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Novíssimos" dos 90 se reúnem
FERNANDO OLIVA
da Redação
Mais uma das gerações 90 da arte brasileira solta hoje outra de
suas crias. Depois da Geração 90
de Adriana Varejão, Jac Leirner e
Rosângela Rennó, e da de Rivane
Neuenschwander, Marepe e Raquel Garbelotti, a mostra que começa hoje no MAC-Ibirapuera
reúne artistas recentemente incorporados
pelo projeto
Tendências
Contemporâneas, que a
curadora Katia Canton
realiza desde
96 com o
apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo).
A exposição relaciona
três célebres nomes da arte contemporânea brasileira (Lygia
Clark, Tunga e Carlos Fajardo,
que também têm obras na mostra) a cada um dos jovens artistas.
Apesar do título rebuscado
("Heranças Contemporâneas 3
-Desfetichização, Fantasmática e
Pensamento"), a coletiva merece
ser vista, principalmente pelas
obras dos artistas "emergentes",
como Tonico Lemos e Sonia Guggisberg, e dos "novíssimos"
-Marcus Vinícius, Renata Pedrosa, Lourdes Colombo e Christina Moraes estão entre as mais
instigantes
promessas.
Se a visita
acontecer hoje, tanto melhor, já que
Moraes, Colombo e Alexandre da
Cunha apresentam performances
durante o
vernissage, a
partir das
20h.
Associada a
Lygia Clark,
por fazer com que o corpo tenha
participação decisiva na obra, a
artista Lourdes Colombo critica
os lugares-comuns da representação feminina. Os mitos da sensualidade, sexualidade e sedução são
colocados em xeque pelas fotos,
vídeos e uma performance em
que ela começa passando batom
nos lábios, para depois ir cobrindo todo o rosto. O resultado é
monstruoso e transforma a artista
numa figura que ao mesmo tempo atrai, repele e intriga.
Renata Pedrosa, "tributária" da
obra de Tunga, desenha -com
grafite, mertiolate e fita Micropore (espécie de curativo cor de pele)- pequenas formas à semelhança de flores, folhas e frutos. O
melhor vem depois, quando os
desenhos são transformados em
objetos tridimensionais ("Como
se eu quisesse ver como ficariam
no espaço", diz Pedrosa), esculturas de fibra de poliéster, recobertas de veludo sintético.
Sonia Guggisberg, associada
pela curadora a
Carlos Fajardo,
colocou sobre as
paredes do MAC
largas camadas
de feltro que, dobradas ou enrugadas, escorrem
da parede para o
chão e criam intrigantes relações entre a superfície e seu
próprio peso.
Às vezes se tem
a impressão que
alguns jovens artistas estariam
melhor com outro "padrinho". O
trabalho de Guggisberg, por
exemplo, parece mais à vontade
se confrontado com o de Lygia
Clark do que com o de Fajardo
(como quer a curadoria), seja
porque lida com a superfície de
um corpo orgânico, que parece
vivo, seja porque carrega algo da
fase neoconcreta de Lygia.
Mas questionar -e até contrariar - as escolhas da curadoria
também faz parte desse tipo de
exposição. O espectador tem direito de escolher (ou inventar) seu
percurso. Como
explica Canton,
os artistas não
foram divididos
por grupos justamente para
permitir que você respire ares
próprios e faça
suas escolhas.
Também hoje
no MAC começa
"Testemunhos",
mostra com
obras de Marina
Godoy e Eide
Feldon, sob curadoria de Silvia
Meira.
Mostra: Heranças Contemporâneas 3
Artistas: Solange Pessoa, Christiana
Moraes, Lourdes Colombo e Tonico
Lemos (relacionados a obras de Lygia
Clark); Alexandre da Cunha, Renata
Pedrosa e Carlos Arouca (Tunga); Marcus
Vinícius, Theresa Amaral e Sonia
Guggisberg (Carlos Fajardo)
Onde: MAC (pq. Ibirapuera, pavilhão
Ciccillo Matarazzo, 3º piso, tel. 573-5255)
Vernissage: hoje, a partir das 19h
Quando: de ter. a dom., das 12h às 18h
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Jovens artistas mostram suas visões da paisagem Próximo Texto: Escultura de Iole de Freitas desorganiza a percepção Índice
|