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Escultura de Iole de Freitas desorganiza a percepção
free-lance para a Folha
Uma escultura esvaziada na forma e plena no conteúdo é o que os
paulistanos podem apreciar a
partir de hoje no Gabinete de Arte
Raquel Arnaud. Nessa exposição,
a artista Iole de Freitas propõe
uma nova corporeidade para a escultura, em que se utilize a "menor densidade possível de matéria
para territorializar um corpo".
Iole apresentou pela primeira
vez, no Museu de Arte da Pampulha, no começo do ano, esse seu
sistema, denominado "Território
Vazado". "Eram esculturas que
iam cindindo o espaço, chamando a atenção para o espaço arquitetônico do museu", conta.
A leveza do trabalho, feito de tela de ferro, contrasta com o peso
da ardósia, a que a tela é presa,
funcionando como uma âncora.
No museu da Pampulha, as peças eram todas organizadas a partir de dois módulos: um que se estendia amplamente pelo espaço e
outro que o cindia. Na exposição
em São Paulo, Iole eliminou o primeiro, pela limitação espacial.
"Aqui ocorreu um empilhamento que dificulta o equilíbrio.
O eixo começou a ser deslocado,
em vez de ter o prumo perpendicular ao chão", explica. Ao sobrepor as esculturas de tela, a artista
provocou um adensamento do
espaço da escultura, que ficou
achatada.
Iole conta que notou, na exposição em Belo Horizonte, que as esculturas desorganizavam a percepção das pessoas. "O espectador está simultaneamente no espaço interior de um peça e no espaço exterior de outra; portanto,
não há conforto, pois ele nunca
sabe se está sendo acolhido ou expelido", afirma.
Vistas em perspectiva, as novas
esculturas de Iole demonstram
como a artista explora sua linguagem estética. Na década de 70, ela
registrava performances em sequências fotográficas e filmes experimentais, para os quais seu
corpo era o suporte.
Passou a abordar o ponto de
vista do corpo escultórico, fazendo peças monumentais de cobre,
aço e outros metais. E agora apresenta as obras em que o corpo do
espectador em seu deslocamento
é que faz o trabalho se cumprir.
Na abertura hoje, Iole fará uma
visita guiada às obras.
(JM)
Exposição: Iole de Freitas
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud
(r. Arthur de Azevedo, 401, tel. 883-6322)
Quando: hoje, às 20h. Seg. a sex., das
10h às 19h; sáb., das 11h às 14h. Até 2/10
Quanto: de US$ 3.500 a US$ 20.000
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