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MÚSICA
"O Palhaço do Circo sem Futuro" se despede de SP
Cordel do Fogo Encantado encerra ciclo e dá pista de próximos passos
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Cordel do Fogo Encantado
apresenta ao público paulistano,
por três derradeiras vezes de hoje
a sábado, seu espetáculo "O Palhaço do Circo sem Futuro". O líder do grupo de Arcoverde (PE),
Lirinha, 27, explica o caráter de
despedida: "Tudo no Cordel nasce primeiramente do espetáculo.
Compreendemos o disco como
registro do que testamos antes no
palco. Agora estamos fechando
um ciclo, começando a compor
um próximo trabalho".
O grupo, que se formou em 97 e
se notabilizou por encenar no palco um misto de música, teatro e
poesia, entra, então, no que chama de período intermediário, de
testar ao vivo músicas "que vêm
vindo e não se encaixam em geral" no projeto presente.
Lirinha dá pistas do que era de
"Palhaço..." e não deve se encaixar no projeto futuro: "O tema era
extremamente carregado de aflição, impaciência e composição
trágica. É um trabalho escuro".
Nos shows desta semana, comparecerá um primeiro teste: a inédita "Morte e Vida Stanley", imaginada como uma seqüência à
"Morte e Vida Severina", de João
Cabral de Melo Neto.
"Stanley é um rapaz que conhecemos, que veio de Serra Talhada,
vizinha de Arcoverde, e hoje trabalha na construção civil, construindo o prédio de uma faculdade em São Paulo. Seu pai era Severino, mas deu a ele esse nome por
causa da televisão e do rádio."
Saga de um nordestino migrante em contraste com a vida severina arraigada de João Cabral, não
deixa de evocar o próprio Cordel,
hoje radicado em São Paulo.
"A diferença grandiosa é que
chego aqui de cabeça erguida,
aplaudido. Não é como quem
chega de cabeça baixa, sofrendo
humilhações", argumenta Lirinha, imerso no desconforto de conhecer stanleys a cada esquina.
"O Palhaço do Circo sem Futuro" se despede agora de São Paulo, mas ainda tem etapas a cumprir em cidades como Brasília,
Aracaju e a Arcoverde natal. Lirinha fala sobre voltar à casa:
"A cidade, antes do Cordel, não
possuía exemplos de pessoas que
tivessem saído com algo ligado à
música e despertassem atenção
no Brasil. Causou certa euforia,
um sentimento de possibilidade
aumentou na cidade. Dizem que
somos guerreiros, mas para mim
guerreiro é quem ficou".
O PALHAÇO DO CIRCO SEM FUTURO.
Show do Cordel do Fogo Encantado.
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel.
3871-7700). Quando: hoje, amanhã e
sábado, às 20h30. Quanto: R$ 20.
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