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FESTIVAL
Com "Sem Essa Aranha", Sganzerla faz filme inaugural
Publius Vergilius - 1.dez.98
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O cineasta Rogério Sganzerla, que tem obras exibidas em ciclo no Cinesesc, em sua casa, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro |
CARLOS ADRIANO
ESPECIAL PARA A FOLHA
No ciclo das obras de Sganzerla, em cartaz no Cinesesc,
será exibido um filme raro, talvez
a obra-prima do diretor (o que é
uma temeridade dizer, em se tratando de alguém que realizou algo
da magnitude de "O Bandido da
Luz Vermelha"). Os poucos que
viram não esquecem. E hoje vale
redescobrir "Sem Essa Aranha".
É uma produção da Belair, companhia produtora de Rogério
Sganzerla, Helena Ignez e Julio
Bressane, que durou três meses e
realizou sete longas-metragens.
Além do filme programado no ciclo, o diretor fez "Carnaval na Lama" e "Copacabana Mon
Amour". E, a seis mãos, os sócios
rodaram o invisível "A Miss e o
Dinossauro".
A trama é rarefeita: uma trupe
de artistas mambembes percorre
a árida terra desolada, vagando
pelo campo ocupado, entre o
abandono e a exclusão. O tom é
irônico e amargo, sintonizado à
época barra-pesada. Mas há sublime poesia.
O filme se estrutura sobre o corajoso expediente do plano-sequência. A ação se dilata dentro
de cenas, os personagens duelam
contra códigos de interpretação e
as imagens resistem, assim como
o filme, após 30 anos.
Inaugural
"Sem Essa Aranha", em seus
momentos mais intransigentes, é
insubordinável e refratário a qualquer concessão. Parece refazer o
cinema, como o gesto daquelas
obras inaugurais que reinventam
uma linguagem.
Nesse "filme de interrogação e
sem respostas culturais", existe
uma das cenas mais belas da história do cinema brasileiro: é aquela em que o músico Luiz Gonzaga
canta e toca sanfona numa estrada saudosa, antológica e desconcertante.
Sem Essa Aranha
Direção: Rogério Sganzerla
Produção: Brasil, 1970
Mostra: Rogério Sganzerla
Quando: hoje, às 15h ("Nem Tudo É
Verdade") e às 17h ("A Mulher de
Todos"); amanhã, às 15h ("Sem Essa
Aranha") e às 17h ("O Abismo")
Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.075,
região central, tel. 282-0213)
Quanto: R$ 2
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