São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2000


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FESTIVAL
Com "Sem Essa Aranha", Sganzerla faz filme inaugural

Publius Vergilius - 1.dez.98
O cineasta Rogério Sganzerla, que tem obras exibidas em ciclo no Cinesesc, em sua casa, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro


CARLOS ADRIANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No ciclo das obras de Sganzerla, em cartaz no Cinesesc, será exibido um filme raro, talvez a obra-prima do diretor (o que é uma temeridade dizer, em se tratando de alguém que realizou algo da magnitude de "O Bandido da Luz Vermelha"). Os poucos que viram não esquecem. E hoje vale redescobrir "Sem Essa Aranha".
É uma produção da Belair, companhia produtora de Rogério Sganzerla, Helena Ignez e Julio Bressane, que durou três meses e realizou sete longas-metragens. Além do filme programado no ciclo, o diretor fez "Carnaval na Lama" e "Copacabana Mon Amour". E, a seis mãos, os sócios rodaram o invisível "A Miss e o Dinossauro".
A trama é rarefeita: uma trupe de artistas mambembes percorre a árida terra desolada, vagando pelo campo ocupado, entre o abandono e a exclusão. O tom é irônico e amargo, sintonizado à época barra-pesada. Mas há sublime poesia.
O filme se estrutura sobre o corajoso expediente do plano-sequência. A ação se dilata dentro de cenas, os personagens duelam contra códigos de interpretação e as imagens resistem, assim como o filme, após 30 anos.

Inaugural
"Sem Essa Aranha", em seus momentos mais intransigentes, é insubordinável e refratário a qualquer concessão. Parece refazer o cinema, como o gesto daquelas obras inaugurais que reinventam uma linguagem.
Nesse "filme de interrogação e sem respostas culturais", existe uma das cenas mais belas da história do cinema brasileiro: é aquela em que o músico Luiz Gonzaga canta e toca sanfona numa estrada saudosa, antológica e desconcertante.


Sem Essa Aranha
    
Direção: Rogério Sganzerla
Produção: Brasil, 1970




Mostra: Rogério Sganzerla Quando: hoje, às 15h ("Nem Tudo É Verdade") e às 17h ("A Mulher de Todos"); amanhã, às 15h ("Sem Essa Aranha") e às 17h ("O Abismo") Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.075, região central, tel. 282-0213) Quanto: R$ 2


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