São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2000

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ARTES VISUAIS
Exposições na galeria Millan e na Rosa Barbosa apresentam diferentes abordagens da temática do corpo
Pinky Wainer desvanece figura feminina

JULIANA MONACHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pinky Wainer expõe a partir de hoje 160 aquarelas de corpos femininos. Mas não se engane, ela detesta a temática feminina. As obras são feitas em pequeno formato e a transparência da aquarela beira a desaparição das formas. O que não quer dizer que a artista goste de trabalhos singelos.
"A temática feminina é muito piegas, faz sempre da mulher ou vítima ou heroína. E quando vejo obras com bordadinho, pãozinho, tenho vontade de vomitar: que coisa pequena, a mulher é tão mais do que isso", afirma Wainer.
O aparente paradoxo explica-se pela determinação formal da artista, que dedica-se à pintura desde a década de 80 e afirma que a figura da mulher está nas aquarelas atuais como em pinturas anteriores "antes de tudo, para exercer a pintura formalmente".
As 160 mulheres são, na verdade, uma só: "Escolhi uma mulher de um livro de desenho de anatomia porque não queria a distração do tema". O desenho do qual partem as aquarelas é esquemático: uma mulher de pé, de frente, sem rosto. "Me interessou mostrar como uma pode ser muitas."
Algumas são mais literais, outras quase uma abstração. Umas têm asas ou pênis (essas são anjos, com ambos os sexos), outras cicatrizes costuradas com linha cirúrgica. Pinky incorporou diversos novos materiais às suas aquarelas, como látex, fuligem de vela e isqueiro, iodo e grampo.

Corpos
Quatro outros exemplos de artistas que utilizam o corpo como pretexto para sua expressão formal podem ser vistos no Escritório de Arte Rosa Barbosa. A coletiva "Corpos" explora o pictorialismo em fotografias de corpos.
Sidney Philocreon mostra 14 fotografias em Polaroid feitas com filtro colorido. As imagens em close de rostos e mãos colocam em xeque a verossimilhança da fotografia tradicional. "Para mim, são pinturas. A ausência de figuração é um contraponto à linguagem fotográfica", explica o artista.
José de Quadros pinta sobre reproduções ampliadas de bulas de remédios, como Prozac e Viagra, imagens de crânios humanos, tiradas de tomografias dele e de pinturas da história da arte.


Exposição: 1 Mulher, 2 Cachorros: Uma Biografia (aquarelas de Pinky Wainer) Onde: galeria Millan (r. Estados Unidos, 1.581, tel. 852-5722) Quando: hoje, às 21h. De seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., 11h às 14h. Até 31/1 Quanto: obras de R$ 600 a R$ 3.000 Exposição: Corpos (coletiva com Isabelle Borges, J. L. Pellegrin, Sidney Philocreon e José de Quadros) Onde: Rosa Barbosa (al. Min. da Rocha Azevedo, 921, casa 4, tel. 3085-4428 Quando: de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., 11h às 14h. Até 20/12 Quanto: obras de R$ 180 a R$ 4.410


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