do enviado especial

O trabalho de uma organização não-governamental (ONG) européia, TransFair, está conciliando as práticas do livre mercado com a melhoria das condições sociais dos pequenos produtores.
Fundada na Holanda há dez anos, a ONG pratica o "fair trade", eliminando os atravessadores para aumentar a remuneração de pequenos agricultores em todo o mundo.
O conceito é parecido com o utilizado pelos cafés orgânicos, disse à Folha Kimberly Easson, diretora de marketing da entidade nos EUA.
Nesse mercado, o consumidor paga um pouco a mais para adquirir um produto que não envenena o meio ambiente.
No caso do "fair trade", ele sabe que está sustentando pequenos agricultores, que obtiveram um preço justo pelo seu produto. "A preocupação ambiental também ajuda a promover o produto. Os pequenos agricultores normalmente utilizam menos agrotóxicos nas lavouras", diz Easson.
O café é vendido nos supermercados com um selo de garantia, atestando que o negócio foi concluído no sistema de "fair trade".
A TransFair compra o café por US$ 100/saca e revende para indústrias nos países onde está sediada. O preço é fixo, não sendo suscetível à volatilidade do mercado.
Para se inscrever no programa, os produtores precisam se enquadrar em determinadas características. Primeiro, devem pertencer a alguma cooperativa ou associação "gerida democraticamente".
Também é importante que o café se encaixe nos padrões mínimos de qualidade do mercado.
Se o produto for orgânico (produzido sem a utilização de agrotóxicos), recebe um bônus de US$ 39,60/saca.
Segundo Easson, a maior parte dos agricultores atendidos produzem em área de até 4 ha.
A TransFair compra café de aproximadamente 300 cooperativas em 17 países. No Brasil, há duas cooperativas inscritas: a Acaram (Articulação Central das Associações Rurais de Ajuda Mútua), em Ji-Paraná (Rondônia), e a Faci (Federação das Associações Comunitárias de Iúna e Iupi), no Espírito Santo.
A ONG pretende ocupar até 5% do mercado norte-americano até 2005.
Na Holanda, onde o projeto teve origem em 89, os cafés "fair trade" conquistaram 4% do mercado em quatro anos. Hoje, já representam 8%.