São Paulo, Terça-feira, 14 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresa que nasceu no porão fatura US$ 3 mi/ano

do enviado especial

O mais novo "barão do café" tem origem humilde e não é descendente da aristocracia paulista. Danny O'Neill, 40, cresceu entre dez irmãos em uma pequena cidade do interior dos EUA. O pai era funcionário público, e a mãe, dona-de-casa.
Hoje, O" Neill fatura US$ 3 milhões/ano com sua torrefação, a The Roasterie, em Kansas City (EUA). E pretende dobrar as vendas em 2000.
Ele se diz apaixonado por café. O primeiro contato com a cultura aconteceu na Costa Rica, em 1978. O'Neill, então com 18 anos, foi estudar no país e acabou trabalhando na colheita do café.
No ano seguinte, voltou para os EUA para estudar ciência política, estudos internacionais e economia na Universidade de Iowa.
Tornou-se um profissional bem-sucedido. Passou por grandes companhias, nenhuma delas ligada ao café. "A cada promoção, meu bolso se enchia de dinheiro, mas por dentro sentia-me vazio. Sonhava com o café."
Com 11 anos de profissão, e detentor de um alto salário, decidiu abandonar a carreira. "Não sabia exatamente o que fazer, mas queria trabalhar com café", diz.
Viajou à Costa Rica e, depois, percorreu diversos Estados de seu país, conversando com industriais e comerciantes do ramo.
Decidiu, então, montar sua própria torrefação. Com pouco dinheiro, quase desistiu da idéia ao saber o valor do investimento inicial. Persistente, acabou montando a empresa no porão de sua casa. Comprou um torrador por US$ 11 mil.
Com outros US$ 4.000, reformou o local, comprou contêineres, café e embalagens, além de outros equipamentos. Estava inaugurada a The Roasterie.
O'Neill conta que nos primeiras semanas chegava a trabalhar 14 horas por dia. Durante o dia, saia para fazer promoção de vendas. À noite, processava o produto.
A primeira venda, no valor de US$ 40, demorou um mês para sair. "Nunca fiquei tão feliz."
Ele administra a companhia de modo pouco convencional. Diz concentrar a produção na qualidade. Ele mesmo prova todo o café que compra e jamais sabe o preço antes de fechar negócio. "Não quero cair na tentação de adquirir o segundo melhor produto."
Também faz, sob encomenda, cafés personalizados para lojas, supermercados e universidades.
Encontrou ainda um novo nicho para o seu produto, o mercado de brindes. "As empresas costumam dar a seus clientes canetas e agendas no final do ano. Por que não fazer o mesmo com um café com a própria marca?"
Com isso, ele consegue também agregar valor a seu produto.
Outra característica é vender o café fresco. O café chega à torrefação às 9h, é processado e entregue ao cliente no mesmo dia.
"Poderia tentar passar minha vida inteira tentando, em vão, competir com as grandes torrefações. Mas encontrei o meu nicho de mercado. Todo pequeno deveria fazer o mesmo", afirma.


Texto Anterior: ONG ajuda pequeno a vender
Próximo Texto: Abia quer vender alimentos via Internet
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.