São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2002

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RUMO A 2002

José Serra, que poderia tentar uma cadeira neste ano, quer disputar Presidência, e vaga tucana está indefinida

Eleição para o Senado será acirrada em SP

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com pré-candidatos em profusão, muitos já bem conhecidos do eleitorado, a disputa para o Senado Federal mostra-se hoje distante da polarizada eleição para o governo paulista, dominada por Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
Estarão em jogo em 2002 duas das cadeiras de São Paulo na Casa, ocupadas hoje pelo tucano Pedro Piva (suplente de José Serra) e por Romeu Tuma (PFL). Serra e Tuma foram eleitos em 1994. O atual ministro da Saúde, lançado pela coligação PSDB-PFL, obteve 6.497.664 votos (27,7%), enquanto Tuma, da coligação PMDB-PL, recebeu 5.541.262 (23,6%). A terceira vaga de senador é de Eduardo Suplicy (PT), que tem mandato até 2006 (foi reeleito em 1998).

Equilíbrio
O cenário que se apresenta até o momento indica que a eleição para o Senado deverá ser equilibrada e sem grandes favoritos.
Isso ocorre, em parte, porque Serra -em tese, nome forte para obter a reeleição, justamente por já ser senador- não deve entrar na disputa. Ministro da Saúde, o tucano é cotado para disputar a Presidência da República. Só deverá concorrer ao Senado se notar que não tem chance de suceder Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto.
Ao mesmo tempo, São Paulo faz parte do grupo de Estados em que não haverá um governador em segundo mandato que, impossibilitado de concorrer novamente ao cargo, opta pelo Senado. E que parte, assim, como favorito para ficar com uma das vagas, o que deverá ocorrer em Estados como Paraná, Bahia, Paraíba e Ceará.
A expectativa é que, apesar da polêmica jurídica que ainda envolve o tema, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) receba sinal verde da Justiça para disputar a reeleição em outubro.
"Este quadro contribui para que apareçam nomes. Mais pessoas, de diferentes partidos, estão se sentindo encorajadas a disputar", afirma Tuma.
O pefelista é um dos cotados para sair candidato à reeleição no Senado pela chapa de Alckmin para o governo, mas não descarta concorrer ao Palácio dos Bandeirantes para dar um palanque a Roseana Sarney (PFL).
Despontam também como nomes fortes para as duas vagas ao Senado o atual ministro da Educação, Paulo Renato Souza (PSDB), e o deputado federal Aloizio Mercadante (PT).
A eles poderão se juntar o ex-governador Orestes Quércia (PMDB), o deputado federal Michel Temer (PMDB), a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB), o ex-prefeito de Osasco Francisco Rossi (PL) e o deputado federal Delfim Netto (PPB).

Negociações
Nos próximos meses, a extensa lista de pré-candidatos deverá se afunilar, à medida que se definem as coligações entre os partidos.
As vagas ao Senado são uma importante moeda de troca para garantir apoio de partidos pequenos e médios às candidaturas a governador. Ao mesmo tempo, costumam ser cobiçadas por políticos interessados em pelo menos fixar o nome para futuras eleições.
Um dos partidos mais adiantados na formação da chapa é o PT, que negocia com o PDT receber apoio à candidatura de José Genoino ao governo do Estado.
Como parte do acordo, o deputado federal pedetista José Roberto Batochio deverá fazer dupla com Mercadante na chapa ao Senado. "O importante não é o nome, mas construirmos um projeto distante de Alckmin e Maluf", afirma Batochio.
Mercadante empenhou-se pessoalmente para garantir que o partido abrisse uma vaga ao Senado para uma legenda aliada. Havia uma corrente que preferia sair com uma chapa só de petistas.
Essa estratégia já foi adotada em 1994. Naquele ano, o PT lançou a ex-prefeita Luiza Erundina, que recebeu 4.218.376 votos (18,0%), e cedeu a outra vaga para João Herrmann Neto, do PPS, que obteve 1.194.183 votos (5,1%). Nenhum dos dois foi eleito.

Indefinição
Já o PSDB não abre mão de indicar o nome para fazer dobradinha com Tuma, apesar de a coligação que sustentará a candidatura de Alckmin incluir outros partidos, como PTB e possivelmente o PPS.
"É natural o PSDB ter candidato ao Senado, uma vez que tem hoje um senador e quer manter esta condição", diz o presidente do PSDB paulista, Edson Aparecido.
O partido terá de acomodar as pretensões de suas lideranças. Além de Paulo Renato, Pedro Piva tem interesse na vaga de senador.
O PTB sinaliza que não vai brigar pela vaga, mas quer lugar na chapa, provavelmente indicando o vice de Alckmin. "Somos um partido grande e estruturado. Queremos uma coligação com dignidade", diz o presidente da seção paulista, Campos Machado.



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