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ELIO GASPARI
O primeiro balanço do fim do governo de Lula
Quando os presidentes tomam posse, é comum que se
procure prever o que vão fazer.
A verdade -é uma pena dizer
isso num dia de esperança como
hoje- é que nem eles sabem.
Todos têm vontades, desejos e
planos. São sempre os melhores,
assim como são sempre as melhores as explicações que apresentam quando vão-se embora.
Diante disso, neste dia de desejos, aqui vai um projeto de artigo (inteiramente plagiado) para ser publicado no último dia
de governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva:
"Lula retornou ontem a São
Bernardo do Campo tendo tornado a sociedade brasileira
mais segura. Tanto para aqueles que viviam em condições de
vulnerabilidade social, quanto
para banqueiros, empresários e
fazendeiros que sentiam-se
ameaçados tanto pelas crises
econômicas como pelos solavancos da política. Dias depois de
sua chegada ao palácio, ele prometeu "um país onde ninguém
ficará de fora". Essa foi sua obra.
Deixou o palácio sabendo que
incorporou ao Brasil milhares
de comunidades que ciscavam a
periferia do capitalismo nacional.
Paradoxalmente, Lula deixou
o governo sem ter alterado substancialmente a curva da distribuição de renda. Seus cupons de
combate à fome conseguiram
estimular a produção agrícola,
mas foi a criação de empregos
que levou comida para a mesa
dos pobres. Algumas iniciativas
socialmente bem-sucedidas vieram dos projetos deixados por
seu antecessor. As mudanças
que seu governo conseguiu nas
relações trabalhistas produziram um novo mercado de mão-de-obra, mais estável. Seus fóruns conseguiram acomodar interesses conflitantes. Interferiu
na economia, muitas vezes controlando a concorrência. Chegou a impedir que grandes cadeias de lojas fizessem promoções que poderiam provocar a
falência das pequenas casas de
comércio dos bairros ou das pequenas cidades.
Foi acusado de querer usar
ferramentas microeconômicas
para consertar problemas macroeconômicos. Na verdade, ele
buscou a retomada do desenvolvimento a qualquer preço, para
derrubar o desemprego. Essa
sempre foi sua prioridade, e Lula nunca deixou de repeti-la.
Prometeu aumentar em 20% a
renda dos brasileiros. Quando
lhe perguntaram quando essa
meta seria atingida, disse que só
Deus sabia. Conseguiu alcançá-la.
Uma parte do seu êxito derivou da tenacidade com que lutou pela proteção da produção
nacional. Tanto para vendê-la
no exterior quanto para impedir que fosse devastada pelas
importações. Todos se lembram
do discurso em que anunciou
sua política: "Nossas relações de
de comércio internacional são
uma prioridade. Acima delas, só
está o nosso objetivo de criarmos uma economia nacional
sólida".
Inúmeros projetos de Lula resultaram em fracassos, mas, como diz o filósofo William James,
o mundo não está pronto, nem
vai ficar pronto. Seu desempenho deve ser julgado pelo que
conseguiu trazer de novo para a
sociedade brasileira, não por
aquilo que fez de errado. O experimentalismo social do mandarinato de Lula teve uma característica básica: quis construir um país onde ninguém fosse excluído de seus benefícios e
privilégios. Fez assentamentos
para lavradores sem terra e
manteve acampamentos para
famílias de agricultores quebrados, como os personagens do romance nordestino ou de "As Vinhas da Ira", de John Steinbeck.
Acima de tudo, Lula deu a milhões de brasileiros um sentimento de segurança social que
eles nunca haviam usufruído.
Com isso, fez com que esses milhões de cidadãos passassem a
viver de outra maneira o fato de
serem brasileiros.
Vistos isoladamente, quase todos os seus programas deram errado. O que deu certo foi o conjunto".
Esse artigo foi inteiramente
plagiado. Descontando as referências nominais a Lula, todas
as informações nele contidas
(todas) foram retiradas das 17
páginas do capítulo "O que o
New Deal fez", do historiador
David M. Kennedy, em seu livro
"Freedom from Fear" ("Sem
medo do medo", inédito em português.)
As comparações entre personagens da história são sempre
perigosas, mas, se Franklin Roosevelt não tivesse feito o que fez
nos anos 30 do século passado,
os Estados Unidos não seriam
hoje o que são.
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