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DESPEDIDA
Presidente evita maior contato com a população; apesar de se dizer "feliz", avalia que não recebeu o reconhecimento devido
FHC planeja saída discreta do Planalto
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após oito anos na Presidência e
diante de uma multidão petista,
Fernando Henrique Cardoso planeja deixar o Palácio do Planalto
pela porta da lateral do lado leste
do edifício, contrariando o protocolo da posse, que estipulava a
saída pela porta principal.
A saída pela porta lateral, sem
contato direto com a população, é
explicada por um comentário feito aos amigos: não quer competir
por atenção no dia da posse do sucessor. Apesar de dizer que deixa
o cargo "feliz", FHC sai com a sensação de que não recebeu o devido reconhecimento popular.
FHC recusou uma festa de despedida que o PSDB quis oferecer.
Optou por um ato "singelo" antes
de embarcar para São Paulo. Até
nisso, fez questão da instalação de
televisores onde seus parentes e
amigos poderão acompanhar as
festividades petistas na capital.
No seu último dia de trabalho,
manteve o despacho interno no
Palácio da Alvorada pela manhã.
À tarde, estavam programadas
audiências com o presidente de
Portugal, Jorge Sampaio, o príncipe Felipe de Bourbon, da Espanha, e o ministro dos Transportes
da China, Zhang Chunxian.
FHC procurou afastar a imagem de "fim de festa" que costuma marcar os finais de governo.
Lotou a agenda com cerimônias
(só de entrega de medalhas foram
quatro) e viagens. Usou discursos
para defender seu governo e fazer
balanços. Só respondeu diretamente às críticas do governo eleito quando julgou necessário. Na
véspera do Natal, sancionou a lei
que amplia o foro privilegiado para julgamento de ex-autoridades.
Puxou risadas, em cerimônias
formais, ao comentar que o café
não estava sendo servido frio. Comentou até que sentiria falta dos
discursos no palanque presidencial. Usando uma metáfora da
"reinvenção da roda", insistiu que
seu sucessor não deve desfazer ou
negar os avanços já conquistados.
Tal preocupação deve nortear a
organização de seu arquivo pessoal no Instituto Fernando Henrique Cardoso, ONG que funcionará em São Paulo e para a qual já
foram arrecadados R$ 7 milhões.
Seguindo a tradição de outros
presidentes, FHC deixará a capital
depois da posse de seu sucessor.
Feitas as despedidas, FHC será levado até a Base Aérea de Brasília,
onde embarca em um Boeing 737
da Presidência com destino à Base
Aérea de Cumbica. De lá, segue
para a França, onde deve ficar três
meses hospedado no apartamento de seu amigo Jovelino Mineiro.
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