São Paulo, quarta-feira, 01 de janeiro de 2003

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DESPEDIDA

Presidente evita maior contato com a população; apesar de se dizer "feliz", avalia que não recebeu o reconhecimento devido

FHC planeja saída discreta do Planalto

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após oito anos na Presidência e diante de uma multidão petista, Fernando Henrique Cardoso planeja deixar o Palácio do Planalto pela porta da lateral do lado leste do edifício, contrariando o protocolo da posse, que estipulava a saída pela porta principal.
A saída pela porta lateral, sem contato direto com a população, é explicada por um comentário feito aos amigos: não quer competir por atenção no dia da posse do sucessor. Apesar de dizer que deixa o cargo "feliz", FHC sai com a sensação de que não recebeu o devido reconhecimento popular.
FHC recusou uma festa de despedida que o PSDB quis oferecer. Optou por um ato "singelo" antes de embarcar para São Paulo. Até nisso, fez questão da instalação de televisores onde seus parentes e amigos poderão acompanhar as festividades petistas na capital.
No seu último dia de trabalho, manteve o despacho interno no Palácio da Alvorada pela manhã. À tarde, estavam programadas audiências com o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, o príncipe Felipe de Bourbon, da Espanha, e o ministro dos Transportes da China, Zhang Chunxian.
FHC procurou afastar a imagem de "fim de festa" que costuma marcar os finais de governo. Lotou a agenda com cerimônias (só de entrega de medalhas foram quatro) e viagens. Usou discursos para defender seu governo e fazer balanços. Só respondeu diretamente às críticas do governo eleito quando julgou necessário. Na véspera do Natal, sancionou a lei que amplia o foro privilegiado para julgamento de ex-autoridades.
Puxou risadas, em cerimônias formais, ao comentar que o café não estava sendo servido frio. Comentou até que sentiria falta dos discursos no palanque presidencial. Usando uma metáfora da "reinvenção da roda", insistiu que seu sucessor não deve desfazer ou negar os avanços já conquistados.
Tal preocupação deve nortear a organização de seu arquivo pessoal no Instituto Fernando Henrique Cardoso, ONG que funcionará em São Paulo e para a qual já foram arrecadados R$ 7 milhões.
Seguindo a tradição de outros presidentes, FHC deixará a capital depois da posse de seu sucessor. Feitas as despedidas, FHC será levado até a Base Aérea de Brasília, onde embarca em um Boeing 737 da Presidência com destino à Base Aérea de Cumbica. De lá, segue para a França, onde deve ficar três meses hospedado no apartamento de seu amigo Jovelino Mineiro.


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