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MINISTÉRIO PÚBLICO
Suspeita de "vazamento" de questões de provas para alunos de Marília leva a investigação
Fraude faz Promotoria anular concurso
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
O procurador-geral de Justiça
do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, anulou
ontem, por suspeita de fraude, o
concurso de ingresso à carreira do
Ministério Público estadual.
De acordo com apuração preliminar feita pelo Ministério Público, as questões da prova teriam sido "vazadas" para alguns alunos
do cursinho da Fundação Eurípides Soares da Rocha, em Marília
(443 km de São Paulo). "A prova
indica que isso efetivamente
ocorreu", disse Marrey.
Ele determinou a abertura de
inquérito para apurar "prática de
crime" e "eventual ato de improbidade administrativa". Ele não
revela os nomes dos suspeitos,
mas o caso está sendo investigado
pelo setor de competência originária do Ministério Público, o que
indica que os suspeitos são membros da instituição.
O procurador de Justiça Arthur
Pagliusi Gonzaga, coordenador
do concurso, pediu aposentadoria na última sexta-feira. Ele era
membro do Conselho Superior
do Ministério Público.
A Folha apurou que Gonzaga e
o procurador de Justiça Roberto
da Freiria Estevão, que é professor
do cursinho, serão investigados.
O concurso estava em andamento havia mais de seis meses.
Os candidatos haviam realizados
duas provas escritas e começavam a fazer as orais.
Há 100 vagas de promotor de
Justiça para serem preenchidas. A
anulação do concurso trará prejuízos aos cofres públicos, que
precisarão custear a realização de
novas provas sem cobrar outra taxa de inscrição dos candidatos.
Marrey afirmou que, quando
souber quem são os culpados pelo
"vazamento" das provas, pretende propor ação para que eles sejam obrigados a ressarcir as despesas do novo concurso -além
das ações penais cabíveis.
"Este fato está provocando indignação na carreira inteira. É inimaginável que isso pudesse ocorrer. Causou perplexidade em todos nós. A instituição faz questão
de apurar os erros eventualmente
cometidos na sua administração", afirma Marrey.
Caso seja comprovado o envolvimento de um procurador aposentado com as irregularidades,
ele pode perder a aposentadoria.
Outro lado
A Folha procurou os dois procuradores, a partir das 18h de ontem, mas eles não ligaram de volta
para a reportagem até a conclusão
desta edição. O assunto foi adiantado em mensagens.
Os telefones dos dois em São
Paulo não responderam. A reportagem deixou mensagem em uma
secretária eletrônica na casa de
Gonzaga, em Marília, e com a
mulher de Estevão, em Paraguaçu
Paulista (a 510 km de São Paulo).
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