São Paulo, Terça-feira, 01 de Fevereiro de 2000


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MINISTÉRIO PÚBLICO
Suspeita de "vazamento" de questões de provas para alunos de Marília leva a investigação
Fraude faz Promotoria anular concurso

ROBERTO COSSO
da Reportagem Local

O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, anulou ontem, por suspeita de fraude, o concurso de ingresso à carreira do Ministério Público estadual.
De acordo com apuração preliminar feita pelo Ministério Público, as questões da prova teriam sido "vazadas" para alguns alunos do cursinho da Fundação Eurípides Soares da Rocha, em Marília (443 km de São Paulo). "A prova indica que isso efetivamente ocorreu", disse Marrey.
Ele determinou a abertura de inquérito para apurar "prática de crime" e "eventual ato de improbidade administrativa". Ele não revela os nomes dos suspeitos, mas o caso está sendo investigado pelo setor de competência originária do Ministério Público, o que indica que os suspeitos são membros da instituição.
O procurador de Justiça Arthur Pagliusi Gonzaga, coordenador do concurso, pediu aposentadoria na última sexta-feira. Ele era membro do Conselho Superior do Ministério Público.
A Folha apurou que Gonzaga e o procurador de Justiça Roberto da Freiria Estevão, que é professor do cursinho, serão investigados.
O concurso estava em andamento havia mais de seis meses. Os candidatos haviam realizados duas provas escritas e começavam a fazer as orais.
Há 100 vagas de promotor de Justiça para serem preenchidas. A anulação do concurso trará prejuízos aos cofres públicos, que precisarão custear a realização de novas provas sem cobrar outra taxa de inscrição dos candidatos.
Marrey afirmou que, quando souber quem são os culpados pelo "vazamento" das provas, pretende propor ação para que eles sejam obrigados a ressarcir as despesas do novo concurso -além das ações penais cabíveis.
"Este fato está provocando indignação na carreira inteira. É inimaginável que isso pudesse ocorrer. Causou perplexidade em todos nós. A instituição faz questão de apurar os erros eventualmente cometidos na sua administração", afirma Marrey.
Caso seja comprovado o envolvimento de um procurador aposentado com as irregularidades, ele pode perder a aposentadoria.

Outro lado
A Folha procurou os dois procuradores, a partir das 18h de ontem, mas eles não ligaram de volta para a reportagem até a conclusão desta edição. O assunto foi adiantado em mensagens.
Os telefones dos dois em São Paulo não responderam. A reportagem deixou mensagem em uma secretária eletrônica na casa de Gonzaga, em Marília, e com a mulher de Estevão, em Paraguaçu Paulista (a 510 km de São Paulo).


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