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Brasil tem registro de exploração desde a década de 70
DA AGÊNCIA FOLHA
Os primeiros registros de trabalho escravo nas condições praticadas atualmente no Brasil apareceram no início da década de 70,
no período de expansão da fronteira agrícola na região amazônica, que, inóspita, foi ocupada de
forma desenfreada.
A ausência do poder público
permitiu que migrantes, a maioria deles vinda de Estados nordestinos, fossem aliciados para trabalhar nas fazendas em troca de comida, remédios e promessas de
pagamento -prática até hoje disseminada no sul do Pará e no norte de Mato Grosso.
"É um fenômeno completamente diferente da escravidão
praticada até a promulgação da
Lei Áurea", diz Patricia Audi,
coordenadora nacional do programa de combate ao trabalho escravo da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
"Aquele [trabalho escravo] era
baseado em questões raciais. O de
hoje é baseado em questões socioeconômicas. É promovido por
fazendeiros que sabem estar cometendo um crime, mas fazem isso para maximizar seus lucros."
Os Estados onde o uso do trabalho análogo à escravidão é mais
freqüente são Tocantins, Rondônia, Maranhão e Bahia, além de
Pará e Mato Grosso. Mas já houve
denúncias também de casos em
São Paulo, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
O número de trabalhadores resgatados pelo Ministério do Trabalho aumenta a cada ano. Em 2002,
os fiscais do ministério libertaram
2.306 trabalhadores na área rural
do país. No ano passado, foram
4.932 libertados.
Em março de 2003, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva lançou o
Plano Nacional para Erradicação
do Trabalho Escravo, que culminou, em novembro, com a divulgação de uma lista com o nome de
52 pessoas físicas e jurídicas processadas por empregar mão-de-obra análoga à escravidão.
O trabalho análogo à escravidão
é caracterizado por presença de
seguranças armados, sistema de
endividamento, intermediação de
mão-de-obra ou restrição do direito de ir e vir.
(MAURO ALBANO)
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