São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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Gestão Lula no campo é alvo de crítica

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O assassinato de auditores do Ministério do Trabalho no interior de Minas Gerais, ocorrido na quarta-feira passada, é mais um capítulo da série de episódios de tensão no campo que vem afligindo o governo Lula.
O relatório "Direitos Humanos no Brasil - 2003", composto por 40 artigos organizados pela ONG Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, traça duras críticas à prática da gestão Lula no tocante às questões relacionadas a direitos humanos, desemprego, transgênicos e negociações salariais.
Após a vitória petista, o que se viu, segundo especialistas, foi uma euforia seguida de decepção de setores sem-terra e indígenas. Uma euforia, por exemplo, foi o salto do número de famílias acampadas, de 60 mil, no final de 2002, para 200 mil em 2003.
Ao mesmo tempo, grupos ruralistas se armaram, temerosos de que as promessas históricas do PT fossem colocadas em prática -como demarcar e desapropriar na "marra", ou via "canetada".
O governo federal nega o aumento da violência e afirma ter ocorrido apenas um aumento de "demanda" após a eleição de Lula. "Temos um programa de reforma agrária ambicioso, como temos também um programa para as terras indígenas. A idéia é demarcar todas as terras até o final do mandato do presidente Lula", afirma o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
No ano passado, 23 índios foram assassinados, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio). O número supera a soma dos dois anos anteriores (5 em 2002, e 16 em 2001). A disputa de terras e o tráfico de drogas aparecem entre as principais causas.
Sobre o número de invasões, que mais do que dobrou em relação a 2002, a Comissão Pastoral da Terra diz: "Estes números confirmam o que diversas lideranças dos movimentos do campo têm afirmado: de que nunca foi tão fácil organizar acampamentos e ocupações quanto hoje".
Além do recorde de invasões, 42 pessoas foram assassinadas no ano passado por motivação ligada à luta pela terra -número que não era atingido desde 1998, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. (EDS, AM E GA)


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