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ORÇAMENTO
Itens do projeto de R$ 2,8 bi têm indícios de irregularidades, diz tribunal
Relatório do TCU questiona
obras negociadas com FMI
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Obras previstas no projeto-piloto de R$ 2,8 bilhões que o governo
negocia com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para excluir da meta fiscal deste ano aparecem no relatório de indícios de
irregularidades do TCU (Tribunal
de Contas da União), segundo levantamento realizado pela Folha.
O conjunto de 64 obras e projetos foi incluído no Orçamento da
União de 2005 durante a fase final
de votação do assunto no Congresso, sem que parlamentares tivessem pelo menos visto a lista
completa dos programas. A
"emenda FMI", como foi batizada
pela oposição, foi apresentada pelo relator da proposta orçamentária, Romero Jucá (PMDB-RR), a
pedido da equipe econômica.
Obras elencadas no relatório do
TCU não podem receber novos
recursos enquanto não tiverem
sua situação regularizada. Pelo
menos seis obras do projeto-piloto fazem parte do documento sobre os indícios de irregularidades.
Entre elas estão a construção da
eclusa de Tucuruí, no rio Tocantins, e da Linha 1 do metrô de Belo
Horizonte. No projeto, estão reservados R$ 150 milhões para Tucuruí e R$ 81,6 milhões para o metrô mineiro. Nos dois casos, o
TCU considera graves os indícios
de irregularidades. O mesmo vale
para a obra de recuperação no
cais de Capuaba, do Porto de Vitória (ES), com R$ 3 milhões previstos na "emenda FMI".
O relatório de obras com indícios de irregulares do TCU foi publicado no "Diário Oficial" da
União na semana passada, com a
sanção do Orçamento. O TCU
também condena as obras de dragagem do porto do Rio Grande
(RS) e de recuperação no porto de
Itajaí (SC). Os dois projetos receberão R$ 18,2 milhões neste ano.
No relatório também são apontados indícios de irregularidades
em todas as obras de conservação
e restauração de estradas federais
em Mato Grosso. Ao menos um
projeto desse tipo faz parte da lista
incluída no Orçamento de 2005: o
de restauração da BR-364/174,
trecho entre Cuiabá e Porto Velho. O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, afirmou que o fato de
determinadas obras fazerem parte do relatório do TCU representa
um desafio para o governo.
"Não é uma dificuldade [haver
obras no relatório]. É um desafio,
um teste. O que queremos com
esse projeto-piloto é aumentar a
qualidade do gasto, melhorar
nossos procedimentos", disse.
Levy vem conduzindo pessoalmente as conversas com o FMI
sobre o projeto-piloto. Procurado
pela reportagem, o Ministério do
Planejamento não comentou.
Fazenda, Planejamento e Casa
Civil formaram um grupo que
monitorará todas as etapas das
obras do projeto-piloto. Levy tem
afirmado que as negociações com
o FMI para avalizar oficialmente o
projeto deverão ser concluídas
entre março e abril.
O governo tem feito questão de
não discutir as obras do projeto-piloto enquanto o assunto não for
sacramentado por Washington.
Na votação do Orçamento, por
exemplo, foi divulgado apenas
um resumo dos projetos.
"Não houve nenhuma discussão", relatou o senador tucano
Sérgio Guerra (PE). O deputado
Alberto Goldman (PSDB-SP) já
enviou ao Planejamento um pedido de explicações.
No Ministério dos Transportes,
que concentra a maior parte das
obras, o governo montou uma comissão com técnicos da área econômica para acompanhar esses
projetos.
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