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INFORMAÇÃO OFICIAL
Para técnicos do IBGE, portaria começou após polêmica com Lula
Governo nega ato de censura
e manipulação de pesquisas
BERTA MARCHIORI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro interino do Planejamento, Nelson Machado, afirmou
ontem que a discussão em torno
da portaria que restringe a divulgação de pesquisas pelo IBGE é
"um caso clássico de tempestade
em copo d'água". Ele ainda contestou as acusações de que a medida visaria a censura e permitiria
a manipulação dos dados.
O governo federal editou na última sexta uma portaria estabelecendo que o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) terá de encaminhar o resultado das pesquisas estruturais
ao Ministério do Planejamento 48
horas antes de sua divulgação. Fazem parte dessa restrição pesquisas como o Censo, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) e a POF (Pesquisa de
Orçamentos Familiares)-
Desde então começaram as críticas, sobretudo da oposição, que
acusa o governo de ter adotado a
medida motivado pela polêmica
ocorrida quando o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva contestou o resultado da POF divulgada
em dezembro de 2004, que mostrou que há mais adultos com excesso do que com falta de peso.
Segundo o ministério e o IBGE,
a nova portaria estendeu às pesquisas estruturais o procedimento adotado em relação às pesquisas conjunturais, como emprego
e inflação. No caso das conjunturais, segundo a portaria de setembro de 2003, o IBGE tem prazo de
24 horas antes da divulgação para
enviar os dados ao ministério.
"Essa discussão é um caso clássico de tempestade em copo d'água. Isso foi feito apenas para regularizar o fluxo de informações
nas pesquisas estruturais", disse
Machado, para quem a medida
não altera nada, uma vez que esse
procedimento já acontecia informalmente. O presidente do IBGE,
Eduardo Pereira Nunes, confirmou que o ministério já recebia as
informações das pesquisas estruturais com antecedência. Porém,
segundo Nunes, "não havia uma
regra escrita".
O ministro negou que a publicação da portaria tenha sido resultado de algum pedido vindo do Planalto após a polêmica em torno
da POF. De acordo com Machado, a portaria teria sido solicitada
pelo próprio presidente do IBGE.
Nunes confirmou a informação
e também negou uma conexão
entre a portaria e a Pesquisa de
Orçamentos Familiares.
No entanto técnicos do IBGE,
que pediram que seus nomes não
fossem divulgados, afirmaram
que a portaria começou, de fato, a
ser planejada e redigida depois da
divulgação da POF.
Sobre a acusação de que as informações poderiam ser manipuladas, Machado disse que não é
possível alterar pesquisas complexas em 48 horas.
Como as chamadas pesquisas
estruturais são mais abrangentes,
a imprensa as recebe com antecedência, para ter tempo de destrinchar os dados, desde que se comprometa a não divulgar os resultados antes do prazo.
Segundo a assessoria do IBGE, o
fato de a imprensa continuar a ter
acesso aos dados antes da divulgação impossibilita a manipulação dos dados.
Afinal, bastará aos jornalistas
compararem os dados que receberam com o que foi divulgado
para notar mudanças.
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