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Britânico vê países em risco
Do enviado especial
Há um "punhado de países" no
grau 3 (o de risco mais elevado) na
classificação da Financial Services
Authority, o xerife britânico do
sistema financeiro.
A informação foi dada ontem,
em mesa redonda no encontro
anual do Fórum Econômico Mundial, pelo próprio presidente da
"Authority", Howard Davies.
Como é óbvio, Davies recusou-se a dizer quantos e quais países são esses. Detalhe: a classificação foi mudada e aperfeiçoada depois que um jovem operador quebrou o centenário banco Barings
com uma operação fraudulenta.
A informação de Davies faz parte
da discussão de fundo que, embora discretamente, percorre o planeta após a crise asiática: é necessário impor algum controle ao fluxo de capitais internacionais?
Em Davos, local do encontro, a
resposta majoritária tende a ser
não, o que é apenas coerente com
o público presente: empresários,
instintivamente avessos a controles de qualquer tipo, acadêmicos
na maioria liberais e governantes
que, por gosto ou falta de alternativa, praticam políticas liberais.
Mas o não será menos enfático
do que antes da crise. Mesmo Davies acha que uma regulamentação mais rígida do sistema financeiro, agora, "só pioraria as coisas". Mas diz que o tema deve estar
na agenda para o médio prazo.
Mesmo o liberal vice-primeiro-ministro e ministro de Comércio da Tailândia, Supachai Panitchpakdi, suspeita que é arriscado demais deixar aos mercados
cuidar do fluxo de capitais.
"O mercado tende a reagir exageradamente", diz, com a experiência de um governo que foi a
primeira vítima da crise. "Não é
mais o fluxo de comércio que determina o valor da moeda. Predominam os fluxos financeiros."
É uma alusão ao fato de que a
fuga de capitais dos países asiáticos -e não o movimento comercial- jogou para baixo o valor de
algumas moedas da região.
Panitchpakdi admite que o baht
tailandês estava sobrevalorizado
em cerca de 15%, no início do ano
passado. Por isso, o governo estava preparado para ser punido pelo
mercado em algum momento.
"Mas punido com a necessidade
de desvalorizar em 15% ou no máximo 20%. Nunca 100% como
ocorreu." Detalhe: 15% é a sobrevalorização que Rudiger Dornbusch, que presidia a mesa, aponta no real brasileiro.
(CR)
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