São Paulo, domingo, 1 de fevereiro de 1998

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Britânico vê países em risco

Do enviado especial

Há um "punhado de países" no grau 3 (o de risco mais elevado) na classificação da Financial Services Authority, o xerife britânico do sistema financeiro.
A informação foi dada ontem, em mesa redonda no encontro anual do Fórum Econômico Mundial, pelo próprio presidente da "Authority", Howard Davies.
Como é óbvio, Davies recusou-se a dizer quantos e quais países são esses. Detalhe: a classificação foi mudada e aperfeiçoada depois que um jovem operador quebrou o centenário banco Barings com uma operação fraudulenta.
A informação de Davies faz parte da discussão de fundo que, embora discretamente, percorre o planeta após a crise asiática: é necessário impor algum controle ao fluxo de capitais internacionais?
Em Davos, local do encontro, a resposta majoritária tende a ser não, o que é apenas coerente com o público presente: empresários, instintivamente avessos a controles de qualquer tipo, acadêmicos na maioria liberais e governantes que, por gosto ou falta de alternativa, praticam políticas liberais.
Mas o não será menos enfático do que antes da crise. Mesmo Davies acha que uma regulamentação mais rígida do sistema financeiro, agora, "só pioraria as coisas". Mas diz que o tema deve estar na agenda para o médio prazo.
Mesmo o liberal vice-primeiro-ministro e ministro de Comércio da Tailândia, Supachai Panitchpakdi, suspeita que é arriscado demais deixar aos mercados cuidar do fluxo de capitais.
"O mercado tende a reagir exageradamente", diz, com a experiência de um governo que foi a primeira vítima da crise. "Não é mais o fluxo de comércio que determina o valor da moeda. Predominam os fluxos financeiros."
É uma alusão ao fato de que a fuga de capitais dos países asiáticos -e não o movimento comercial- jogou para baixo o valor de algumas moedas da região.
Panitchpakdi admite que o baht tailandês estava sobrevalorizado em cerca de 15%, no início do ano passado. Por isso, o governo estava preparado para ser punido pelo mercado em algum momento.
"Mas punido com a necessidade de desvalorizar em 15% ou no máximo 20%. Nunca 100% como ocorreu." Detalhe: 15% é a sobrevalorização que Rudiger Dornbusch, que presidia a mesa, aponta no real brasileiro. (CR)


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