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Miro acha reforma política "muito ruim"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dias depois de o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), afirmar que está totalmente
empenhado na aprovação ainda
neste ano da reforma política, o líder do governo na Casa, deputado
Miro Teixeira (sem partido-RJ),
classificou o projeto como "muito
ruim" e "anti-reforma".
"Os projetos são muito ruins.
[...] Essas propostas estão longe
de representar uma reforma política e partidária no país, é uma anti-reforma", afirmou Miro.
Ao anunciar sua intenção, antes
do Carnaval, João Paulo pretendia dar uma resposta do Congresso ao caso Waldomiro Diniz, que
envolve suspeita de arrecadação
ilegal de verbas de campanha. Na
ocasião, disse querer patrocinar
uma "revolução" no sistema político, partidário e eleitoral do país.
No final de semana, ele teria obtido, durante um almoço reservado, o apoio do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
"Isto é de uma inoportunidade
rara. Aqueles que, de boa-fé, defendem essa reforma, vão passar a
vida toda tentando provar que o
empenho não significa uma resposta ao caso Waldomiro", disse
Miro, que deve ir nesta semana à
tribuna da Casa atacar a proposta.
Os principais pontos da reforma política em discussão no Congresso são o financiamento público de campanha, que proíbe a
contribuição privada; a votação,
nas eleições para deputados e vereadores, em listas partidárias fechadas e não mais em candidatos
isolados; e o arrefecimento nas
exigências para que os pequenos
partidos continuem a ter, a partir
de 2006, direito ao tempo de TV e
ao dinheiro do fundo partidário.
Esses pontos estão reunidos no
relatório do deputado Ronaldo
Caiado (PFL-GO), aprovado no
ano passado em uma comissão
especial e que está pronto para ir à
votação no plenário.
Os críticos da proposta dizem
que: 1) o financiamento público
(calculado em cerca de R$ 800 milhões por eleição) acabaria se tornando um dinheiro a mais para os
candidatos, já que nada impediria
que eles continuassem recebendo
recursos privados sem declarar à
Justiça; 2) a lista fechada daria aos
controladores dos partidos, responsáveis por elaborá-las, poderes quase que ditatoriais sobre os
candidatos; 3) a suavização das
regras para os pequenos partidos
estimularia a proliferação de legendas de aluguel.
O PT apoiou o relatório de Caiado, mas ficou de discutir melhor o
assunto até a votação. O governo
estimula informalmente a tramitação da proposta -o ministro
José Dirceu (Casa Civil) é um dos
entusiastas-, mas sabe que não
obterá consenso fácil na base aliada (PP, PTB e PL são contra a proposta), o que o leva a se escorar,
nesse caso, nos oposicionistas
PSDB e PFL.
(RANIER BRAGON)
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