São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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Lula anuncia reforma em que quatro ministros assumem como interinos

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a terceira reforma ministerial de sua gestão. Nomeou oito novos ministros e exonerou outros oito, além de ter remanejado Waldir Pires da CGU (Controladoria Geral da União), que já foi um exilado político, para o Ministério da Defesa. Dos novos titulares das pastas, quatro assumem de forma interina.
As mudanças ocorrem devido ao prazo da legislação eleitoral para que ocupantes de cargos públicos deixem seus postos para disputar a eleição de outubro.
"Só posso desejar a eles [ministros que saem] toda a sorte do mundo naquilo que eles se propuserem a fazer a partir de agora. Certamente, uns ganharão, outros perderão, mas, independentemente disso, seremos gratos pelo trabalho que todos prestaram aqui neste tempo que estiveram servindo o povo brasileiro como ministros", afirmou o presidente. No mesmo discurso, Lula justificou a opção pelos secretários-executivos. O presidente quer que os atuais programas sejam mantidos
Lula teve o cuidado de consultar os comandantes militares de maneira rápida e formal. Os três não se opuseram à indicação de Waldir Pires. Contudo, Exército e Aeronáutica preferiam Tarso Genro, que teve uma boa convivência com os militares quando ministro da Educação. Equiparou cursos da Aeronáutica a mestrado e doutorado das universidades civis.
Quanto a Pires, a Aeronáutica demonstrou indiferença. O Exército não estava animado. Genro, apesar de esquerda, é de uma geração mais nova. Pires é considerado "comunista" e foi deposto junto com Jango em 1964.
O novo ministro também tentou se aproximar dos militares. Convidou os comandantes para conhecer os trabalhos de prevenção à corrupção da sua área.

Mudanças
A terceira reforma ministerial manteve o PT com 16 pastas. O PMDB perdeu uma pasta e ficou com dois ministérios. PSB, ainda com dois, e PC do B, PP, PTB e PV, com uma pasta cada, completam a lista de partidos na Esplanada dos Ministérios. Com a saída de José Alencar da Defesa e de Alfredo Nascimento dos Transportes, o recém-criado PRB e o PL ficaram sem representantes.
Há dez ministérios cujos titulares não são filiados a nenhuma legenda. Esse número cresceu pelo fato de Lula ter optado por uma solução caseira para a maioria das pastas nas quais os titulares solicitaram a exoneração para disputar as próximas eleições.
Além de Alencar e Nascimento, deixaram ontem o governo Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Relações Institucionais), José Fritsch (Aquicultura e Pesca), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Saraiva Felipe (Saúde). Na vaga de Wagner assume o ex-presidente petista Tarso Genro.
As demais pastas serão preenchidas pelos atuais secretários-executivos. Três deles assumem de forma definitiva -Orlando Silva (Esporte), Paulo Sérgio Oliveira Passos (Transportes) e Pedro Brito (Integração Nacional).
Outros quatro "números dois" passam a fazer do parte do primeiro escalão, mas, segundo o Palácio do Planalto, de "forma interina". São eles Altemir Gregolin (Aquicultura e Pesca), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), José Agenor (Saúde) e Jorge Hage (CGU).


Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, colunista da Folha


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