São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CRISE NO GOVERNO

Documento médico cita duas doenças, não reveladas pela PF, e determina repouso de quatro dias; ex-ministro será intimado de novo na terça

Palocci apresenta atestado e deve depor na 4ª

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deve prestar depoimento na Polícia Federal, em Brasília, na quarta-feira. Ele recebeu uma intimação pessoalmente ontem, em casa, mas apresentou atestado médico pelo qual deve ficar em repouso por quatro dias, prazo que se esgota na segunda.
O atestado registra o diagnóstico de duas doenças. A PF não revelou quais são. Na terça-feira, a PF deve intimá-lo novamente, com previsão de depoimento para quarta-feira.
O ex-ministro é investigado no inquérito que apura os responsáveis pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que acusou Palocci de freqüentar a "casa do lobby". A violação ocorreu na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília, no dia 16 de março.
Para o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, que preside o inquérito, o depoimento de Palocci é "decisivo". Gomes espera que o ministro elucide as principais dúvidas que ainda existem na investigação: como se descobriu que o caseiro tinha conta na Caixa, de quem partiu a ordem para a violação e como as informações foram vazadas à imprensa.
Palocci foi intimado pela primeira vez na quarta-feira passada. Deveria ter se apresentado para depor ontem. Na véspera, o advogado do ex-ministro, José Roberto Leal, informou à PF que seu cliente não poderia cumprir o compromisso porque, devido a recomendação médica, deveria ficar em repouso absoluto.
Segundo o delegado, o advogado se comprometeu a enviar à PF atestado médico para comprovar o estado clínico de seu cliente. Não fez isso até a manhã de ontem, prazo fixado pelo delegado.
Ele pode faltar mais uma vez. Na terceira, se não comparecer, será "conduzido" a depor, com uso de força policial, se necessário.
A PF quer ouvir novamente o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso. Agentes federais tentaram intimá-lo ontem na Caixa e no hotel Blue Tree, locais que ele deixou como referência no termo do depoimento que prestou na PF na última segunda-feira.
Na ocasião, Mattoso afirmou que entregou pessoalmente a Palocci os extratos do caseiro. O executivo disse também ter recebido a documentação quando jantava, em Brasília, na companhia do advogado da Caixa Antonio Carlos Ferreira e do assessor de imprensa do banco Gabriel Nogueira.
Ouvidos pela PF, os dois confirmaram ter presenciado o momento em que Mattoso recebeu das mãos do consultor da Caixa Ricardo Schumann um envelope. Negaram, no entanto, ter conhecimento de seu conteúdo.
Segundo Mattoso, terminado o jantar, ele seguiu para a casa de Palocci e entregou-lhe os extratos.

Visitas
Além dos policiais, Palocci recebeu ontem a visita do chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, que chegou dirigindo seu próprio carro, por volta das 17h. A assessoria do Planalto informou tratar-se de visita pessoal e em solidariedade ao ex-ministro.
Palocci ainda ocupa a residência destinada ao ministro da Fazenda. Ele tem 30 dias para deixar a casa. Ontem, carros do Ministério da Fazenda também estiveram no local. A assessoria do órgão informou que funcionários foram retirar bens pertencentes ao ministério, como computador, triturador de papel e móveis de escritório.


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