|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÍNTEGRA
"Os senhores e as senhoras são donos do jogo"
Leia a íntegra do discurso do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso:
"Excelentíssimo sr. deputado João Paulo
Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, Excelentíssimo sr. José Alencar, meu
querido companheiro, vice-presidente da
República, Excelentíssimo sr. senador José
Sarney, presidente do Senado Federal, minha companheira Marisa, companheiros e
companheiras parlamentares, ministros e
ministras aqui presentes, meus amigos que
compõem o Conselho de Desenvolvimento
Social e Econômico.
João Paulo, apenas um pequeno reparo
aqui. Essa proposta que eu vou entregar em
suas mãos daqui a alguns segundos não é
apenas uma proposta do governo federal.
Essa proposta ela é do governador Paulo
Souto, da Bahia, ela é da Rosinha Garotinho,
governadora do Rio de Janeiro, ela é de José
Reinaldo Tavares, governador do Estado do
Maranhão, ela é do governador Simão Jatene, governador do Estado do Pará, ela é do
Jarbas Vasconcelos, governador do Estado
de Pernambuco, ela é do Geraldo Alckmin,
governador do Estado de São Paulo, ela é do
Aécio Neves da Cunha, governador do Estado de Minas Gerais, ela é do Marconi Ferreira Perillo Júnior, governador do Estado de
Goiás, ela é do Blairo Maggi, governador do
Estado do Mato Grosso do Sul, do Mato
Grosso, desculpa, do Germano Rigotto, governador do Estado do Rio Grande do Sul,
do Lúcio Gonçalo de Alcântara, governador
do Estado do Ceará, do Cássio Cunha Lima,
governador do Estado da Paraíba, do Paulo
Hartung, governador do Estado do Espírito
Santo, do Wellington Dias, governador do
Estado do Piauí, da Wilma Maria de Faria,
governadora do Estado do Rio Grande do
Norte, do Luiz Henrique da Silveira, governador do Estado de Santa Catarina, do Ronaldo Lessa, governador do Estado de Alagoas, do João Alves, governador do Estado
de Sergipe, do Eduardo Braga, governador
do Estado do Amazonas, do Roberto Requião de Mello e Silva, governador do Estado
do Paraná, do Jorge Vianna, governador do
Estado do Acre, do José Orcírio dos Santos,
governador do Estado do Mato Grosso do
Sul, do Ivo Cassol, governador do Estado de
Rondônia, do Marcelo Miranda, governador
do Estado do Tocantins, do Waldez Góes,
governador do Estado do Amapá, do Flamarion Portela, governador do Estado de Roraima, do governador Roriz, governador do
Distrito Federal, dos prefeitos de capitais e,
possivelmente, de milhões de brasileiros que
eu não pude colocar o nome nesse papel.
Meus companheiros e companheiras, deputados e senadores aqui presentes, eu disse,
logo que tomei posse, que nós íamos começar fazendo o necessário, depois iríamos fazer o possível e, se Deus nos permitir e todo
mundo ajudar, poderemos fazer até o que
parece impossível.
Essas reformas, com uma visão do presidente da República e dos governadores de
Estados, na hora que entra no Congresso Nacional, na hora que ela entra na Câmara dos
Deputados, os senhores e as senhoras são
donos do jogo. A vocês cabe aqui, através das
comissões, criar os espaços democráticos
para a sociedade brasileira dizer o que pensa
da reforma. E de vocês depende o resultado.
Cada deputado aqui, independentemente da
quantidade de votos ou do partido a que pertence, do governo ou da oposição, na hora de
votar, o seu voto vale um voto. A única coisa
que eu peço, e tenho certeza que assim será, é
que o voto será um voto de confiança.
Um voto daqueles que acreditam que o
Brasil precisa das reformas. Não apenas estas, presidente João Paulo, não apenas esta.
Logo, logo, nós vamos discutir a reforma
agrária aqui nesse Congresso Nacional, e o
governo mandará uma proposta. Logo, logo,
vamos discutir a reforma da estrutura sindical brasileira e, se depender do governo,
mandaremos uma proposta. Logo, logo, vamos discutir as reformas na legislação trabalhista, e o governo não se negará a mandar
uma proposta, até porque eu acho que todos
nós, em algum momento da nossa história,
já fizemos críticas a essa Casa. Mas, sem essa
Casa, não existiria democracia no nosso país,
e nós precisamos valorizá-la ao máximo.
Eu disse a você outro dia, presidente, que
em quatro anos de mandato você jamais vai
me ver na televisão, no rádio ou no jornal jogando a culpa de qualquer fracasso que eu
tenha em cima do Congresso Nacional. Todos nós somos adultos, conquistamos a nossa maioridade, e cada um de nós tem que assumir a sua responsabilidade. A reforma não
é para fazer favor para uns, não é para prejudicar outros. A reforma é para ver se nós
conseguimos fazer que o nosso país deixe
definitivamente de ser um país emergente,
em vias do desenvolvimento, e passe a ser
um país desenvolvido, um país que conquiste os espaços que já deveria ter conquistado
nesse mundo globalizado.
Eu quero, meu companheiro João Paulo,
meu presidente Sarney, companheiros da
mesa, dizer a vocês que eu tenho quatro anos
de mandato. Quatro anos é pouco, mas eu
quero dizer a vocês que, nesses quatro anos,
24 horas por dia serão dedicadas para fazer
aquilo que eu acredito. A tal da transposição
das águas do rio São Francisco, que eu recusei debater durante tanto tempo, que, dependendo do Estado de que você fale, você apanha; dependendo do Estado de que você fale,
você é aplaudido. Eu vou lhe confessar, eu
não sei se do São Francisco ou de onde, mas
vai haver a transposição das águas para o semi-árido nordestino.
Ninguém, ninguém que tem água em excesso pode negar que haja uma política de levar água para uma região sofrida durante
tantos e tantos séculos. Ontem eu dizia para
um governador de um Estado importante de
nosso país que, se ele conhecesse o semi-árido nordestino, ele iria perceber que o pobre
de seu Estado é classe média diante da miséria a que nós fomos submetidos durante tantos e tantos séculos nesse país.
Da mesma forma que eu quero realizar
um sonho, não meu, um sonho de muitos de
vocês aqui, que é a questão da Transnordestina, projeto tão sonhado por todo mundo e
que nunca sai do papel. Da mesma forma,
João Paulo, quero que você saiba que todas
as reformas que nós vamos fazer por esse
país serão encaminhadas de forma mais democrática para essa Casa. Eu quero dizer a
você que essa Casa aqui tem o tempo que
quiser para debater qualquer projeto. O tempo que quiser porque tem autonomia. Entretanto, se eu pudesse dar um conselho aos deputados e aos senadores, eu daria: se não votarmos esse ano, o ano que vem tem eleição
para prefeito nesse país e todo mundo sabe
que, em ano eleitoral, tudo fica muito mais
difícil de ser votado. Até porque eu olho, pela
fisionomia das pessoas, eu estou vendo muitos candidatos a prefeitos de cidades importantes aqui nessa Casa.
De qualquer forma, eu não tenho dúvida,
pelo que conheço da história de muitos de
vocês, de que essa Casa irá fazer aquilo que
entender que seja melhor para o Brasil e
acredito que todos nós devamos assumir a
responsabilidade pelo Brasil que nós desejamos ter no futuro.
Não tem importância que um deputado
seja de oposição, não tem importância que
um deputado queira falar mal do governo,
isso faz parte do jogo democrático. O que
não vale, o que não vale em política, é a gente
prejudicar 175 milhões de pessoas por conta
de uma próxima eleição. Eu acho que cada
um de nós tem que ter consciência e trabalhar com a consciência que a sorte está lançada. O povo espera de nós, de mim e de vocês.
Eu só espero que cada um cumpra com os
seus compromissos, que o Brasil estará melhor do que esteve até hoje.
Eu vou passar para as suas mãos agora,
presidente João Paulo, a proposta que foi feita com muito carinho e amor porque, eu não
sei se você sabe, eu ainda estou naquela fase
de Lula paz e amor".
Texto Anterior: Classe executiva: Presidente tentou até o fim ir a pé Próximo Texto: Reformas/congresso: João Paulo elogia divergências na Câmara Índice
|