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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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REFORMAS/CONGRESSO

Petista reconhece dificuldades que governo enfrenta para obter coesão da base aliada; Sarney promete empenho do Legislativo

João Paulo elogia divergências na Câmara

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), durante o seu discurso na solenidade de recebimento das reformas, reconheceu divergências sobre o conteúdo das reformas e problemas que o governo vem enfrentando para conseguir coesão na base aliada para a votação das propostas.
Destoando da fala "otimista" do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que o precedeu no microfone, João Paulo reconheceu divergências em torno dos temas e lembrou que as reformas, apesar de ajudarem o "grande projeto de nação do governo", não mudarão, sozinhas, "a face injusta" da sociedade.
"Aqui nesta casa, senhor presidente, senhores ministros, senhores governadores, há divergências quanto ao conteúdo das propostas de reforma constitucional. É bom que seja assim. A Câmara dos Deputados é a representação do povo brasileiro", disse o deputado, que tinha a sua esquerda o presidente Lula. João Paulo se notabilizou nos últimos tempos por dar algumas declarações polêmicas em relação ao governo. Primeiro, afirmou que a articulação política do Planalto estava "batendo cabeça" no Congresso. Depois, disse que o PT era contra as reformas da gestão passada porque estava disputando o poder.
O deputado afirmou também em seu discurso que as reformas não são a panacéia para os problemas nacionais: "Estou convencido de que as reformas tributária e previdenciária, sozinhas, não mudarão a face injusta de nossa sociedade, mas elas são a alavanca fundamental para executar o nosso grande projeto de nação".
Na sua fala, Sarney elogiou a iniciativa do Executivo de propor as alterações constitucionais, prometeu empenho do Legislativo e disse que as reformas "são um imperativo de governabilidade" sem o qual não será possível ao país avançar.
Outro ponto de diferenciação entre o discurso dos presidentes das duas Casas foi o tempo de apreciação das reformas. Sarney disse que o Congresso repetirá a "celeridade" com que o Executivo preparou as propostas, em menos de quatro meses de governo.
Já João Paulo fez ressalvas: "Seremos céleres, mas não tomaremos atalhos irresponsáveis. A responsabilidade de se fazer um trabalho completo de análise das idéias contidas nas propostas do governo e a busca pelo consenso possível serão o nosso objetivo".
E acrescentou: "Quando não houver consenso nesta Casa, a solução é o voto. A maioria definirá o rumo da mudança, sua intensidade e a velocidade com que transformaremos o país".
Nesta mesma linha, ele defendeu, pela manhã, que as reformas sejam votadas de forma fatiada, ou seja, que vá ao plenário aqueles pontos que forem obtendo consenso durante as discussões.
Após encerrar o discurso, João Paulo passou a palavra a Lula, que começou seu pronunciamento dizendo que faria um reparo às declarações do deputado. "Quero dizer que essas reformas não são do governo", disse, citando, logo depois, o nome de cada um dos 27 governadores, que seriam os avalistas das propostas.
"E são de mais uma infinidade de prefeitos e de milhões de brasileiros os quais eu não consegui colocar o nome neste papel."


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