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Dirceu diz que reformas saem até outubro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, disse ontem acreditar
que as propostas das reformas tributária e da Previdência sejam
aprovadas até outubro na Câmara. Não descartou a possibilidade
de convocação extraordinária e
de acordos com partidos da oposição para aprová-las até o final
do ano no Congresso.
Previsão semelhante foi feita pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, que espera a aprovação com "grande parte de sua
concepção preservada".
Reconhecendo que não será fácil o debate na Câmara nem no
Senado, Dirceu passou a responsabilidade ao Congresso ao dizer
que o "presidente Lula, juntamente com governadores, prefeitos e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social" fizeram sua parte. "Esse é um momento histórico. É a união do país
em torno das reformas."
Numa tentativa de mostrar que
radicais do PT não devem ser problema para o governo, Dirceu disse que o partido votará com Lula.
"No partido existe maioria, direção, comando e decisão, como
sempre aconteceu. Disputamos
encontros do PT, elegemos Lula
presidente contra uma parcela
que continua fazendo oposição.
Mas na decisão será de acordo
com a proposta do governo."
O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) reiterou que o PT tem
tradição de debate interno, mas,
quando a maioria decide, o partido vota unido. "Esperamos que
isso aconteça em relação às reformas." Aliado a isso, Dirceu afirmou que o presidente do PMDB,
Michel Temer (SP), reiterou a ele
o apoio de seu partido às reformas, à política econômica do governo e ao programa social. "Isso
não significa participação do
PMDB em ministérios."
Negando que o governo use
"rolo compressor" no Congresso
para aprovar projetos, Dirceu voltou a dizer que o governo consegue obter maioria para aprovar
emendas com alianças.
Nessa linha, Berzoini afirmou
que o governo está aberto ao diálogo. "Temos a convicção de que
nossa proposta foi construída
com justiça, equilíbrio e diálogo.
Acreditamos que, mesmo havendo mudanças, o que é natural do
processo legislativo, ela poderá
ser aprovada com grande parte de
sua concepção preservada."
Berzoini não quis apresentar os
pontos que o governo teme resistências, mas cobrou "responsabilidade" do Congresso.
"O governo quer que a proposta
tenha um resultado positivo que
permita uma Previdência sustentável e justa. Para nós, o importante é que o Congresso aja, como
tem agido nos últimos meses,
com responsabilidade."
Berzoini disse que será possível
aparar arestas. "Não precisamos
necessariamente trabalhar com a
idéia de enquadramento, mas de
convencimento e esclarecimento.
Vamos atingir esse objetivo."
Para o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, as
propostas têm convergência de
boa parte do setor industrial.
"Mas, como o presidente falou, o
Congresso é soberano para discutir. Por outro lado, ela tem muita
aderência sobre os anseios do setor empresarial."
(LUCIANA CONSTANTINO e LEONARDO SOUZA)
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