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COMÉRCIO EXTERIOR
Ao citar frase de Napoleão, presidente comete gafe histórica
Lula quer política externa agressiva
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva defendeu ontem no Rio, ao
abrir um seminário no BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre
as relações comerciais entre Brasil
e China, uma posição mais agressiva na política exterior brasileira
e afirmou que o país "não vai pedir licença a ninguém" para ampliar suas relações externas.
"O Brasil precisa aprender que
somos um país grande, que temos
vocação para crescer e que não
precisamos pedir licença a ninguém para disputar as nossas relações políticas, diplomáticas e
comerciais", disse Lula.
No discurso, ele citou a música
"Para Não Dizer que Não Falei de
Flores", de Geraldo Vandré, que
virou uma espécie de hino contra
o regime militar. Ao afirmar que
"quem sabe faz a hora não espera
acontecer", Lula disse que essas
palavras iriam "permear todas as
ações" do seu governo.
Segundo o presidente, seu governo ficará marcado pela intensidade da política internacional e
pelo fortalecimento de relações
fora do âmbito dos Estados Unidos e da União Européia.
"Nossa relação com a União Européia é fantástica, e com os Estados Unidos é muito importante,
mas precisamos abrir novas fronteiras e não temos o direito de ficar esperando alguém nos convidar."
Um dia após o diretor-gerente
do FMI, Horst Köhler, ter defendido que o Brasil e demais países
latino-americanos aceitem a proposta norte-americana para a Alca (Área de Livre Comércio das
Américas), o presidente preferiu
não mencionar a Alca em seu discurso.
Ele enfatizou a necessidade de
fortalecer a integração dos países
sul-americanos e ampliar as relações com China, Índia e todo o
continente asiático, lembrando
também do Oriente Médio.
Lula citou ainda a África e afirmou que "é uma obrigação política, moral e histórica do Brasil estreitar cada vez mais a relação
com o continente africano".
Segundo Lula, desde o ano passado, a China é o quarto maior
destino das exportações brasileiras. Para o presidente, a necessidade de ampliar o intercâmbio
comercial com a China irá fortalecer também a integração entre os
países da América do Sul, já que
estimulará a conclusão de estradas no continente que liguem os
oceanos Atlântico e Pacífico.
Gafe com Napoleão
Ao citar Napoleão Bonaparte, o
presidente voltou a cometer um
erro histórico. Lula disse que o
imperador francês teria visitado a
China e afirmado que "a China é
um gigante que, no dia em que
despertar, o mundo vai tremer".
A frase é corretamente atribuída
a Napoleão, mas não há registro
histórico de uma visita do imperador à China. Na íntegra do discurso distribuído posteriormente
pela assessoria da Presidência da
República, não constava o trecho
sobre a visita de Napoleão. O presidente já havia cometido o mesmo erro em março deste ano.
Foi a primeira visita de Lula ao
Rio depois da posse. O presidente
participou da cerimônia de abertura do seminário "Brasil-China:
Um Salto Necessário".
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