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São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Ao citar frase de Napoleão, presidente comete gafe histórica

Lula quer política externa agressiva

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem no Rio, ao abrir um seminário no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre as relações comerciais entre Brasil e China, uma posição mais agressiva na política exterior brasileira e afirmou que o país "não vai pedir licença a ninguém" para ampliar suas relações externas.
"O Brasil precisa aprender que somos um país grande, que temos vocação para crescer e que não precisamos pedir licença a ninguém para disputar as nossas relações políticas, diplomáticas e comerciais", disse Lula.
No discurso, ele citou a música "Para Não Dizer que Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré, que virou uma espécie de hino contra o regime militar. Ao afirmar que "quem sabe faz a hora não espera acontecer", Lula disse que essas palavras iriam "permear todas as ações" do seu governo.
Segundo o presidente, seu governo ficará marcado pela intensidade da política internacional e pelo fortalecimento de relações fora do âmbito dos Estados Unidos e da União Européia.
"Nossa relação com a União Européia é fantástica, e com os Estados Unidos é muito importante, mas precisamos abrir novas fronteiras e não temos o direito de ficar esperando alguém nos convidar."
Um dia após o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, ter defendido que o Brasil e demais países latino-americanos aceitem a proposta norte-americana para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), o presidente preferiu não mencionar a Alca em seu discurso.
Ele enfatizou a necessidade de fortalecer a integração dos países sul-americanos e ampliar as relações com China, Índia e todo o continente asiático, lembrando também do Oriente Médio.
Lula citou ainda a África e afirmou que "é uma obrigação política, moral e histórica do Brasil estreitar cada vez mais a relação com o continente africano".
Segundo Lula, desde o ano passado, a China é o quarto maior destino das exportações brasileiras. Para o presidente, a necessidade de ampliar o intercâmbio comercial com a China irá fortalecer também a integração entre os países da América do Sul, já que estimulará a conclusão de estradas no continente que liguem os oceanos Atlântico e Pacífico.

Gafe com Napoleão
Ao citar Napoleão Bonaparte, o presidente voltou a cometer um erro histórico. Lula disse que o imperador francês teria visitado a China e afirmado que "a China é um gigante que, no dia em que despertar, o mundo vai tremer".
A frase é corretamente atribuída a Napoleão, mas não há registro histórico de uma visita do imperador à China. Na íntegra do discurso distribuído posteriormente pela assessoria da Presidência da República, não constava o trecho sobre a visita de Napoleão. O presidente já havia cometido o mesmo erro em março deste ano.
Foi a primeira visita de Lula ao Rio depois da posse. O presidente participou da cerimônia de abertura do seminário "Brasil-China: Um Salto Necessário".


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