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JANIO DE FREITAS
O novo método
Agir no Congresso, para
obter decisões que lhes sejam convenientes, é uso e direito
dos governos, mas são estritos e
claros os modos legítimos e democráticos de fazê-lo. Outros
são imorais ou consistem em interferência cerceadora da autonomia decisória do Poder Legislativo.
Nos últimos oito anos, o método do governo foi a compra de
parlamentares, com cargos públicos para parentes e cabos eleitorais, empréstimos privilegiados, proteção contra investigações de corrupção, intermediações indevidas, e assim por
diante.
Em comparação com o governo anterior, surge afinal uma
quebra do continuísmo. O método utilizado por Luiz Inácio
Lula da Silva rejeitou, até onde
se saiba, a aquisição de deputados. Mas o método que adotou
não é mais legítimo nem mais
democrático que o de seu antecessor.
A força-tarefa que ocupou o
Congresso liderada por Lula, a
pretexto de uma entrega despropositadamente solene de dois
textos ditos de reforma, na realidade foi um modo público de
pressionar o Congresso, para
tanto ostentando a retaguarda
composta pelos governadores
(todos dependentes de verbas e
outros apoios do governo federal).
O deputado Aldo Rebelo sintetizou muito bem, tivesse ou não
a intenção de fazê-lo, o estado
em que está posto o Congresso:
"Vamos aprovar [as reformas]
conforme a vontade do presidente da República".
Então, para quê Congresso, se
o seu papel for o de aprovar em
conformidade com a vontade do
presidente da República? É verdade que Aldo Rebelo integra o
PC do B, uma filiação que não
sugere relações íntimas com
Congressos democráticos. No
caso, porém, Aldo Rebelo representa muito bem os seus colegas
em geral. No caso dos peessedebistas, pefelistas e peemedebistas fisiológicos, todos ansiaram
sempre pelo que Lula está lhes
oferecendo. Os petistas e demais
governistas porque, com poucas
exceções além dos quatro pequenos rebeldes, preferiram o
enquadramento imposto às
convicções próprias.
O continuísmo não está só no
governo, portanto. O novo Congresso mostra a mesma disposição de soberania que o anterior.
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