São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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ESTATAIS
Para novo chefe do BNDES, data da venda da Telebrás pode mudar
Privatizações devem ficar mais lentas, afirma Lara

da Sucursal de Brasília

O economista André Pinheiro Lara Resende assumiu ontem a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sinalizando que o processo de privatizações, inclusive a venda do sistema Telebrás, poderá ser mais lento daqui para a frente.
Lara Resende disse que os cronogramas não devem ser seguidos "a ferro e fogo, a todo custo".
"A idéia de que as privatizações deveriam ter sido feitas o mais rápido possível existia no início do processo. Era uma percepção do próprio mercado de que o governo precisava dar demonstrações da sua convicção. Hoje, não há mais nenhuma dúvida sobre isso."
Segundo ele, o governo vai aproveitar as circunstâncias para vender seus ativos da melhor maneira possível.
O objetivo é conseguir "maximizar" os recursos obtidos e garantir que os modelos reguladores de setores chaves, como o elétrico e o de telecomunicações, estejam prontos e adequados.
Especificamente sobre o cronograma de privatização do sistema Telebrás, Lara Resende afirmou que as datas já estabelecidas são indicativas, mas não definitivas. "Se for necessário uma pequena postergação, se fará."
Na avaliação do novo presidente do BNDES, "é mais do que natural e razoável" que o banco conceda financiamentos, quando for adequado, para as empresas interessadas em participar das privatizações.
Na semana passada, o governo autorizou o Tesouro a emitir R$ 1,5 bilhão em títulos da dívida pública para capitalizar o BNDES e financiar as privatizações.
Para Lara, a venda de ativos com valores elevados, como os que estão sendo privatizados no Brasil, não tem condições de ser feita integralmente com capital próprio em nenhum lugar no mundo. Segundo ele, são necessárias outras fontes de financiamento.
"O BNDES, em seu papel de banco de investimento e como agente vendedor do governo, deve participar das privatizações complementando os financiamentos."
Lara Resende substitui Luiz Carlos Mendonça de Barros no comando do BNDES. A cerimônia de posse no cargo foi realizada no Ministério do Planejamento.
Lara Resende disse que vai continuar a expansão do BNDES como banco de investimento e de negócios, mas também quer fazer com que a instituição volte a exercer um papel de formulador de políticas macroeconômicas e sociais.
Em seu discurso, ele afirmou que assume o comando do BNDES "com um entusiasmo sincero". Ao final da solenidade, brincou com Mendonça de Barros.
Disse que graças ao amigo ele terá "a alegria de jogar no ataque, administrando ativos". Lara Resende foi diretor do Banco Central e era assessor especial da Presidência.
Segundo ele, nesses e nos outros cargos que ocupou no governo sempre "jogou na retranca, administrando passivos".
(CRISTIANA NEPOMUCENO)



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