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ESTATAIS
Para novo chefe do BNDES, data da venda da Telebrás pode mudar
Privatizações devem ficar
mais lentas, afirma Lara
da Sucursal de Brasília
O economista André Pinheiro
Lara Resende assumiu ontem a
presidência do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) sinalizando
que o processo de privatizações,
inclusive a venda do sistema Telebrás, poderá ser mais lento daqui
para a frente.
Lara Resende disse que os cronogramas não devem ser seguidos
"a ferro e fogo, a todo custo".
"A idéia de que as privatizações
deveriam ter sido feitas o mais rápido possível existia no início do
processo. Era uma percepção do
próprio mercado de que o governo precisava dar demonstrações
da sua convicção. Hoje, não há
mais nenhuma dúvida sobre isso."
Segundo ele, o governo vai aproveitar as circunstâncias para vender seus ativos da melhor maneira
possível.
O objetivo é conseguir "maximizar" os recursos obtidos e garantir que os modelos reguladores
de setores chaves, como o elétrico
e o de telecomunicações, estejam
prontos e adequados.
Especificamente sobre o cronograma de privatização do sistema
Telebrás, Lara Resende afirmou
que as datas já estabelecidas são
indicativas, mas não definitivas.
"Se for necessário uma pequena
postergação, se fará."
Na avaliação do novo presidente
do BNDES, "é mais do que natural e razoável" que o banco conceda financiamentos, quando for
adequado, para as empresas interessadas em participar das privatizações.
Na semana passada, o governo
autorizou o Tesouro a emitir R$
1,5 bilhão em títulos da dívida pública para capitalizar o BNDES e
financiar as privatizações.
Para Lara, a venda de ativos com
valores elevados, como os que estão sendo privatizados no Brasil,
não tem condições de ser feita integralmente com capital próprio
em nenhum lugar no mundo. Segundo ele, são necessárias outras
fontes de financiamento.
"O BNDES, em seu papel de
banco de investimento e como
agente vendedor do governo, deve
participar das privatizações complementando os financiamentos."
Lara Resende substitui Luiz Carlos Mendonça de Barros no comando do BNDES. A cerimônia de
posse no cargo foi realizada no
Ministério do Planejamento.
Lara Resende disse que vai continuar a expansão do BNDES como
banco de investimento e de negócios, mas também quer fazer com
que a instituição volte a exercer
um papel de formulador de políticas macroeconômicas e sociais.
Em seu discurso, ele afirmou
que assume o comando do BNDES
"com um entusiasmo sincero".
Ao final da solenidade, brincou
com Mendonça de Barros.
Disse que graças ao amigo ele terá "a alegria de jogar no ataque,
administrando ativos". Lara Resende foi diretor do Banco Central
e era assessor especial da Presidência.
Segundo ele, nesses e nos outros
cargos que ocupou no governo
sempre "jogou na retranca, administrando passivos".
(CRISTIANA NEPOMUCENO)
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