São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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ESTATAIS
Mendonça diz que pagamento pela empresa deverá ser parcelado
Lara defende abertura total a estrangeiros na Telebrás

FERNANDO GODINHO
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília

A participação ilimitada do capital estrangeiro na compra da Telebrás e o pagamento pelo controle da empresa em parcelas foram defendidos ontem, respectivamente, pelo novo presidente do BNDES, André Lara Resende, e pelo novo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Lara Resende disse que, em tese, é melhor não haver restrições ao capital estrangeiro na privatização da Telebrás.
"Em tese, para maximizar o valor (da estatal), o melhor é que não houvesse restrição", disse.
Mas o novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) disse que é preciso fazer algumas ressalvas.
Ele apontou que o controle acionário dos consórcios que participaram da disputa pela banda B da telefonia celular pertencia, obrigatoriamente, a empresas nacionais. "As restrições já adotadas na banda B devem ser levadas em consideração", afirmou Lara Resende.
Mendonça de Barros não quis adiantar sua opinião sobre a participação de capital estrangeiro, apesar de, como presidente do BNDES, já haver defendido posição semelhante à de Lara Resende.
"Quando a gente vira ministro, é preciso tomar mais cuidado com o que diz", afirmou Mendonça de Barros, que assumiu o cargo no início da tarde de ontem.
Opinião
"Minha opinião não importa. Vai importar a opinião do presidente da República", completou o ministro. A decisão final será tomada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, por meio de decreto presidencial.
O controle acionário da Telebrás está avaliado em cerca de R$ 21 bilhões. Mendonça de Barros disse defender um modelo de pagamento semelhante ao adotado durante a venda das concessões da banda B -a telefonia celular privada.
Por esse modelo, os consórcios vencedores tiveram de pagar 40% do valor da outorga no ato de assinatura do contrato. Os 60% restantes foram divididos em três parcelas anuais de 20%, com correção pelo IGP-DI.
"Isso (o pagamento parcelado) é uma coisa que temos de discutir com o Tesouro, o que deve acontecer na semana que vem. Nossa proposta é fazer algo semelhante à banda B", afirmou o ministro.
Minoritários
Mendonça de Barros informou que o governo realizará duas reuniões com os acionistas minoritários da Telebrás (uma no Rio ou em São Paulo e outra em Nova York) para dar explicações sobre o andamento do processo de privatização da estatal.
Ele disse ainda que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) deverá concluir, dentro de duas semanas, toda a regulamentação referente à operação do serviço telefônico no país.
"Depois, vamos concentrar nossos esforços na venda da Telebrás e na busca de compradores. Vamos atiçar o preço", afirmou.
Mendonça de Barros confirmou que o edital de privatização da Telebrás será submetido a consulta pública.
Mas não disse se essa consulta incluirá o preço mínimo da estatal em seus tópicos.



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