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ESTATAIS
Mendonça diz que pagamento pela empresa deverá ser parcelado
Lara defende abertura total a estrangeiros na Telebrás
FERNANDO GODINHO
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
A participação ilimitada do capital estrangeiro na compra da Telebrás e o pagamento pelo controle
da empresa em parcelas foram defendidos ontem, respectivamente,
pelo novo presidente do BNDES,
André Lara Resende, e pelo novo
ministro das Comunicações, Luiz
Carlos Mendonça de Barros.
Lara Resende disse que, em tese,
é melhor não haver restrições ao
capital estrangeiro na privatização
da Telebrás.
"Em tese, para maximizar o valor (da estatal), o melhor é que não
houvesse restrição", disse.
Mas o novo presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) disse que é preciso fazer algumas ressalvas.
Ele apontou que o controle acionário dos consórcios que participaram da disputa pela banda B da
telefonia celular pertencia, obrigatoriamente, a empresas nacionais.
"As restrições já adotadas na banda B devem ser levadas em consideração", afirmou Lara Resende.
Mendonça de Barros não quis
adiantar sua opinião sobre a participação de capital estrangeiro,
apesar de, como presidente do
BNDES, já haver defendido posição semelhante à de Lara Resende.
"Quando a gente vira ministro,
é preciso tomar mais cuidado com
o que diz", afirmou Mendonça de
Barros, que assumiu o cargo no
início da tarde de ontem.
Opinião
"Minha opinião não importa.
Vai importar a opinião do presidente da República", completou o
ministro. A decisão final será tomada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso, por meio de
decreto presidencial.
O controle acionário da Telebrás
está avaliado em cerca de R$ 21 bilhões. Mendonça de Barros disse
defender um modelo de pagamento semelhante ao adotado durante
a venda das concessões da banda B
-a telefonia celular privada.
Por esse modelo, os consórcios
vencedores tiveram de pagar 40%
do valor da outorga no ato de assinatura do contrato. Os 60% restantes foram divididos em três
parcelas anuais de 20%, com correção pelo IGP-DI.
"Isso (o pagamento parcelado)
é uma coisa que temos de discutir
com o Tesouro, o que deve acontecer na semana que vem. Nossa
proposta é fazer algo semelhante à
banda B", afirmou o ministro.
Minoritários
Mendonça de Barros informou
que o governo realizará duas reuniões com os acionistas minoritários da Telebrás (uma no Rio ou
em São Paulo e outra em Nova
York) para dar explicações sobre
o andamento do processo de privatização da estatal.
Ele disse ainda que a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) deverá concluir, dentro
de duas semanas, toda a regulamentação referente à operação do
serviço telefônico no país.
"Depois, vamos concentrar
nossos esforços na venda da Telebrás e na busca de compradores.
Vamos atiçar o preço", afirmou.
Mendonça de Barros confirmou
que o edital de privatização da Telebrás será submetido a consulta
pública.
Mas não disse se essa consulta
incluirá o preço mínimo da estatal
em seus tópicos.
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