São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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Freitas Neto ainda espera por gabinete e tem apenas 2 assessores
Ministro da Reforma é pouco conhecido no próprio Palácio

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

A telefonista do Palácio do Planalto demora para encontrar o ramal pedido. "Freitas quem? Ministério do quê? Um minutinho."
Inquilino de um gabinete improvisado, dividido com dois assessores, o novo ministro da Reforma Institucional, Freitas Neto, dá razão à dificuldade da telefonista. Na semana que vem, ele completa um mês no cargo sem saber exatamente a que veio.
Em plena guerra do governo para tentar compensar o desfalque no esquema de articulação política no Congresso, o ministro informou, por meio de sua assessoria, que não participará do esforço para votar a reforma da Previdência porque esse não é um assunto de sua pasta.
Foi a forma de justificar a ausência na reunião de líderes convocada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso anteontem para dar novo fôlego político ao governo e buscar apoio à reforma. Freitas Neto não foi convidado.

Sem chances
Titular de um cargo criado por FHC para atender o PFL na reforma ministerial do final de março e início de abril, na qual o partido se sentia enfraquecido, Freitas Neto recebeu oficialmente a missão de cuidar das reformas tributária, política e do Poder Judiciário.
Teoricamente, seria uma missão robusta. Ocorre que nenhum desses projetos tem chances de ir adiante num ano eleitoral. Ficariam para um eventual segundo mandato de FHC. O ministro afirma que tem um "programa de trabalho", mas preferiu não divulgá-lo.
Sobre suas idéias, sabe-se que ele defende a realização de uma miniassembléia Constituinte no ano que vem, para mudar a Carta com número reduzido de votos.
Na prática, a ida de Freitas Neto para o ministério foi uma forma de agradar os pefelistas piauienses, especialmente o líder da bancada no Senado e candidato ao governo do Piauí, Hugo Napoleão.
Disso, o ministro tem cuidado. Anteontem, ele dedicou parte da manhã a uma audiência ao governador piauiense Francisco de Assis, o Mão Santa. Dali, seguiu para um almoço com o próprio Hugo Napoleão, segundo informação da assessoria.
A tarde do ministro foi dedicada a um encontro com representantes da Frente Parlamentar pela Livre Iniciativa e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores. O assunto da conversa teria sido a reforma tributária.

À espera
Freitas Neto trabalha no mesmo andar que FHC no Palácio do Planalto, numa sala da subsecretaria-geral da Presidência. Isso enquanto ele aguarda duas salas no anexo do Planalto.
O ministro também não tem autonomia para indicar seus assessores. Informalmente, ele teria direito a seis deles, mas só indicou dois. A nomeação depende da assinatura do secretário-geral da Presidência, Eduardo Graeff.



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