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Freitas Neto ainda espera por gabinete e tem apenas 2 assessores
Ministro da Reforma é pouco
conhecido no próprio Palácio
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
A telefonista do Palácio do
Planalto demora para encontrar o ramal pedido. "Freitas
quem? Ministério do quê? Um
minutinho."
Inquilino de um gabinete improvisado, dividido com dois
assessores, o novo ministro da
Reforma Institucional, Freitas
Neto, dá razão à dificuldade da
telefonista. Na semana que
vem, ele completa um mês no
cargo sem saber exatamente a
que veio.
Em plena guerra do governo
para tentar compensar o desfalque no esquema de articulação política no Congresso, o
ministro informou, por meio
de sua assessoria, que não participará do esforço para votar a
reforma da Previdência porque
esse não é um assunto de sua
pasta.
Foi a forma de justificar a ausência na reunião de líderes
convocada pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso
anteontem para dar novo fôlego político ao governo e buscar
apoio à reforma. Freitas Neto
não foi convidado.
Sem chances
Titular de um cargo criado
por FHC para atender o PFL na
reforma ministerial do final de
março e início de abril, na qual
o partido se sentia enfraquecido, Freitas Neto recebeu oficialmente a missão de cuidar
das reformas tributária, política e do Poder Judiciário.
Teoricamente, seria uma
missão robusta. Ocorre que
nenhum desses projetos tem
chances de ir adiante num ano
eleitoral. Ficariam para um
eventual segundo mandato de
FHC. O ministro afirma que
tem um "programa de trabalho", mas preferiu não divulgá-lo.
Sobre suas idéias, sabe-se que
ele defende a realização de uma
miniassembléia Constituinte
no ano que vem, para mudar a
Carta com número reduzido
de votos.
Na prática, a ida de Freitas
Neto para o ministério foi uma
forma de agradar os pefelistas
piauienses, especialmente o líder da bancada no Senado e
candidato ao governo do Piauí,
Hugo Napoleão.
Disso, o ministro tem cuidado. Anteontem, ele dedicou
parte da manhã a uma audiência ao governador piauiense
Francisco de Assis, o Mão Santa. Dali, seguiu para um almoço com o próprio Hugo Napoleão, segundo informação da
assessoria.
A tarde do ministro foi dedicada a um encontro com representantes da Frente Parlamentar pela Livre Iniciativa e
do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores. O assunto da conversa teria sido a
reforma tributária.
À espera
Freitas Neto trabalha no
mesmo andar que FHC no Palácio do Planalto, numa sala da
subsecretaria-geral da Presidência. Isso enquanto ele
aguarda duas salas no anexo
do Planalto.
O ministro também não tem
autonomia para indicar seus
assessores. Informalmente, ele
teria direito a seis deles, mas só
indicou dois. A nomeação depende da assinatura do secretário-geral da Presidência,
Eduardo Graeff.
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