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PREVIDÊNCIA
Pela projeção do governo, déficit em 2032 pode baixar para R$ 8,84 bi, contra R$ 13,5 bi com as regras atuais
Reforma pouparia R$ 6 bi em três anos
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma da Previdência, se
aprovada como o governo pretende, vai reduzir em pouco mais
de R$ 6 bilhões os gastos com
aposentadorias e pensões de funcionários públicos civis nos próximos três anos, até o fim do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Estão incluídos no cálculo a cobrança de contribuição de inativos (R$ 900 milhões por ano) e o
fim da aposentadoria integral
-os pontos mais polêmicos da
reforma encaminhada pelo governo ao Congresso em abril.
Já nos primeiros 12 meses pós-reforma, parte dos trabalhadores
do setor privado vai pagar uma
conta extra de R$ 1,9 bilhão por
causa do novo teto de benefícios,
de R$ 2.400. Os números são estimativas feitas pelo Ministério da
Previdência, mas essa segunda
parte não é contabilizada oficialmente como impacto da reforma.
A arrecadação extra será bancada
por cerca de 2,35 milhões de trabalhadores da iniciativa privada.
"A proposta não teve, em nenhum momento, objetivo fiscal",
disse o ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) sobre o novo teto,
que valerá para futuros servidores
públicos e vai demorar alguns
anos até ser repassado integralmente aos aposentados do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) que já contribuem pelo teto.
O aumento da contribuição, porém, tem efeito imediato e vai ajudar a reduzir o rombo nas contas
do Regime Geral. O dinheiro a ser
economizado no pagamento de
benefícios aos servidores seria
teoricamente dirigido a outros
gastos, como investimentos públicos. Neste ano, o Orçamento da
União prevê investimentos de
mais de R$ 14 bilhões, dos quais
foram pagos menos de R$ 200 milhões até meados deste mês.
A proposta de emenda constitucional em debate no Congresso,
chamada de PEC 40, acaba com a
aposentadoria integral dos servidores públicos, aumenta a idade
para acesso ao benefício, reduz o
valor das pensões e cria a contribuição de inativos.
A diferença entre o que os servidores e a União contribuem e os
benefícios pagos aos aposentados
e pensionistas cairá nos próximos
anos, mas a conta não sairá do
vermelho com a reforma. "Só haveria uma chance de zerar esse
déficit: a ruptura institucional, o
calote. E isso não está em questão", afirma Berzoini.
Aos dados: mantidas as regras
atuais de aposentadoria dos servidores públicos civis, o Tesouro irá
desembolsar R$ 14,3 bilhões em
2004 para cobrir a conta. O déficit
cresce até 2012, quando alcança
R$ 16 bilhões, e cai para R$ 13,5 bilhões em 2032. Isso tudo são estimativas sem a reforma.
O Ministério da Previdência traçou quatro cenários para o desempenho das contas públicas em
consequência da PEC 40. Como
os atuais servidores podem optar
entre esperar até os 60 anos (homens) e os 55 anos (mulheres) ou
se aposentar com um benefício
menor mais cedo (a partir dos 53
anos e dos 48, respectivamente), o
governo trabalha com hipóteses
de adesão entre 50% e 70% à nova
regra. As estimativas também levam em conta a criação ou não do
fundo de previdência complementar dos servidores, que a
emenda constitucional se limita a
autorizar.
A economia a ser produzida até
o final do mandato de Lula, em
2006, varia de R$ 6,03 bilhões a R$
6,35 bilhões, dependendo do cenário. Ao longo de 28 anos, as novas regras de aposentadoria do setor público civil reduziriam os
gastos em algo entre R$ 47,27 bilhões e R$ 55,27 bilhões. Na melhor das hipóteses, restará, em
2032, um déficit entre R$ 8,84 bilhões e R$ 10,18 bilhões.
Em todos os cenários, a economia cresce no mandato do sucessor do presidente Lula e ainda
mais no mandato do sucessor do
sucessor. Os dois cenários que
não prevêem aportes da União
para fundos de previdência complementar dos servidores, na qualidade de empregador, são os que
proporcionam menos gastos.
Já no ano que vem, a reforma faria o governo deixar de gastar algo
entre R$ 1,37 bilhão e R$ 1,40 bilhão com as aposentadorias dos
servidores civis. Embora tenha
tornado a proposta mais abrangente entre as duas reuniões de
governadores que definiram o rumo da reforma da Previdência, o
impacto agora aparece menor.
As projeções do governo não levam em conta os gastos com aposentadorias e pensões dos militares. As propostas de mudança
nesse sistema de aposentadorias,
que deveriam acompanhar a reforma dos servidores civis, seguem indefinidas.
As estimativas têm como base
apenas parte dos gastos com o Poder Judiciário porque o governo
não tem acesso a todos os dados
dos juízes.
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